Alexandre Gonçalves
Jornalista
Nesta quarta-feira, último dia de agosto, será selado definitivamente o afastamento da presidente Dilma Roussef (PT), depois de um longo e doloroso processo de impeachment, o segundo da história recente do pais.
O final do primeiro mandato dela e o começo do segundo foi desastroso. Ela mentiu sim na campanha eleitoral, prometendo coisas que não aconteceriam. A cúpula do PT está mergulhada em corrupção. E faltou habilidade da presidente para fazer a articulação política necessária para evitar o que acontece agora.
Mas Dilma Roussef, do ponto de vista legal, não está sendo afastada pelos motivos acima. Eleita democraticamente, está sendo apeada do poder por questões contábeis. Problemas sim, relativamente corriqueiros nas esferas públicas, sem justificar o afastamento de quem recebeu 54 milhões de votos.
Quantos governantes prometem nas campanhas eleitorais e quando eleitos, não cumprem? Precisamos ir muito longe?
O PT institucionalizou a corrupção em nome de um projeto de poder, mas não foi o único. PMDB, PP, PTB e outros sempre foram beneficiários, assim como o PSDB o foi nos tempos de FHC. Isso, para ficar apenas na esfera federal.
Todos os partidos se beneficiam de recursos ilegais para caixa 2 e assim irrigarem campanhas eleitorais. Pelo menos foi assim até agora.
Sobre a falta de habilidade política de Dilma Roussef, é fato. Mas negociar com este Congresso fisiológico, corrrupto, conservador e moralista, exige estômago. Não dá para culpa-la totalmente.
E sobre ser um governo ruim, concordo, mas não justifica-se trocar de presidente a cada crise econômica. Não vivemos em um regime parlamentarista. E não é possível desprezar a década de inclusão social e fartura nas gestões petistas de Lula e começo do primeiro mandato de Dilma.
Ela será afastada pela união das forças políticas que perderam a eleição em 2014, com as forças que foram parceiras do esquema de corrupção que está agora afastando o PT.
Raposas continuarão cuidando do galinheiro.
Políticos que não me representam, decidem o futuro da nossa ainda incipiente Democracia. Serão eles que nos governarão a partir de agora.
Gente que não tem voto ou que perdeu no voto, no jogo democrático.
É uma ruptura institucional bastante grande. E triste.
Remando contra-maré, fugindo do senso comum em Blumenau, não comemoro. Lamento.
O Brasil sai menor deste triste episódio.
Muito bom Alexandre. Um bando de corruptos e um projeto perdedor, diga-se de passagem entreguista e solapador dos direitos trabalhistas, será alçado ao poder pelas vias transversas de um golpe branco. Como dizia Marx a história se repete primeiro como tragédia e depois como farsa. O golpe foi o meio mais rápido de se alçar ao poder. Pagaremos caro pelo estupro da constituição.
Quem perdeu com todo este processo foram os brasileiros. Os que integram os 54 Milhões de votos e aqueles que não votaram , pois somos todos brasileiros e neste processo o Brasil foi o mais prejudicado .
O impeachment só pode ser considerada uma derrota, porque assumiu uma corja pior que o PT, que é esse atual pmdb, mas na democracia é assim, o povo elege seus deputados e senadores, agora mesmo vamos eleger nossos vereadores.