O plano que não deu certo

Foto: Bruno Collaço/Alesc

Por conta da inabilidade política, associada com a arrogância de quem achava que poderia governar sozinho, o governador Carlos Moisés (PSL) cavou sua própria cova na Assembleia Legislativa. Para piorar, foi, no mínimo, omisso nas negociações feitas pelo Estado para combater o Coronavírus, sendo que uma delas, a compra de respiradores junto a Veigamed, gerou um prejuízo de R$ 33 milhões para os cofres públicos.

A CPI que investigou esta compra apurou crime de responsabilidade do governador e a admissibilidade ou não do processo está na pauta da Assembleia para os próximos dias. O problema é que, neste caso, o único a ser afastado seria o próprio Moisés.

Mas uma outra denúncia, feita por um Defensor Público, sobre uma situação em tese menor, o reajuste dos procuradores estaduais, equiparando-os as procuradores do Legislativo, poderia gerar a combinação perfeita. Neste caso, como a vice-governadora Daniela Reinerh (sem partido) havia assumido o Governo por duas semanas no período, ela estaria também implicada.

Era o o que precisava, a possibilidade de se afastar a chapa completa e um parlamentar, no caso o presidente Júlio Garcia (PSD) assumiria o Governo.

Mas não foi o que aconteceu no histórico julgamento desta sexta, que entrou pela madrugada de sábado. Na análise jurídica e política, prevaleceu a primeira, a ponto do governador quase escapar da degola. Foi apenas no voto do último desembargador, Luiz Schuch, que o tribunal encaminhou o afastamento do chefe maior do Estado.

Mas o plano não saiu perfeito. Os cinco magistrados decidiram que a vice Daniela não teria a responsabilidade a ela imputada e a decisão saiu no voto de minerva do presidente deste tribunal especial, o também presidente do TJ, Ricardo Roesler, fazendo com que a vice, bolsonarista de carteirinha e que já havia se afastado de Moisés, assuma o Governo de SC a partir da próxima terça-feira.

Ou seja, a Assembleia prossegue com seu protagonismo, mas não chega onde planejou chegar antes do tempo. Derrubou Moisés, um desconhecido que se elegeu na onda 17 com um discurso da “nova política” – que afronta e incomoda boa parte dos representantes do Parlamento – , mas agora terá que conviver com uma governadora que talvez represente ainda mais este espírito vitorioso de 2018.

Ou seja, o que estava ruim pode ficar pior.

 

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