Marina Melz
Jornalista
Durante 11 meses, os blumenauenses se dividem por conta das suas opiniões cotidianas sobre a cidade. A localização da ponte, BEC ou Metropolitano, se o túnel existe mesmo, bancos da Beira-Rio virados para o Itajaí-Açú ou para a rua. Mas, em outubro, todas as questões – importantes ou não – da cidade se diluem em apenas uma: a Oktoberfest.
Há os que esperam o ano inteiro pelos 17 (18, 19…) dias de folia. Preparam traje, ensaiam coreografia, compram ingresso antecipado, compartilham posts no Facebook, arrumam a casa para receber os amigos, comemoram a cada novidade. Em outubro, esses apaixonados viram noites, fazem escala para provar todos os sabores de batata recheada, riscam o nome de cada banda que querem assistir como um círculo num achado imperdível nos classificados, sorriem incansavelmente durante todo o desfile.
Por outro lado, há os que passam 31 dias reclamando. Parecem insistir para zerar uma checklist de argumentos contrários ao evento: os preços são absurdos, a cidade fica tomada por estranhos, o trânsito é um caos, como pode a rainha estar no Canadá (como Luiza).
Por muito tempo, admito, fiz parte do segundo time. Mas aí, ano a ano, argumentos foram chegando quase por acaso. Primeiro, através do envolvimento com empreendimentos do setor turístico, entendi que muito mais do que uma enchente de chope, a Oktoberfest significava emprego, renda e dinheiro circulando na cidade. Depois, com um convite para desfilar em um dos carros, entendi que o sorriso de quem passa pela XV de Novembro não tem a ver com o número de copos tomados, mas com uma energia inebriante que vem das calçadas.
Isso significa que me tornei integrante dos apaixonados-que-vão-à-Oktoberfest-todos-os-dias? Não. Mas quer dizer que aprendi que a Oktoberfest não é um evento que mereça ser espezinhado, crucificado e odiado pelas pessoas que mais ganham com ele: nós mesmos, os que moram aqui.
Para encerrar esse Fla X Flu sem o menor sentido que toma conta de Blumenau em outubro, uma sugestão: você não precisa amar a Oktoberfest, mas também não precisa odiar.
Quem gosta, que aproveite o mês mais esperado do ano. Quem não gosta, tem outros 11 meses para discutir a localização da ponte, BEC ou Metropolitano…
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