Galbraith se referia ao final do Século XX como a era da incerteza. Mal sabia ele que incertezas ainda mais profundas estavam por vir. Aquele século começou cheio de esperança, havia a expectativa de que a produção catalisada pela industrialização, o consumo pela lógica do mercado e a agilidade pela tecnologia levariam abundância para todos. A miséria e a fome ficariam no passado.
Adam Smith e Ricardo firmaram a ideia de que a economia corria segundo uma ordem natural e deísta (a mão invisível do mercado). Spencer, com argumentos darwinistas, deu justificativa moral à concentração da riqueza e convenceu (os ávidos por aprovação divina) de que os ricos simplesmente eram os mais bem adaptados ao ambiente “natural” da economia. E Marx representou a voz dissidente.
Com tudo isso do ponto de vista da Economia e mais duas grandes guerras na perspectiva da História, o Século XX frustrou as expectativas e terminou com uma enorme exclusão (a metade da riqueza está nas mãos de um por cento da população mundial) e a degradação ambiental é preocupante.
O novo século entrou e nada mudou. E agora para complicar, final de 2019 surgiu uma pandemia que atravessou o mundo, atingiu o Brasil em cheio e vem provocando a morte de milhões, aqui lamentavelmente superamos a casa dos 200 mil mortos e milhões de infectados.
Não existe ainda um medicamento eficaz, as vacinas estão sendo aplicadas a passo de tartaruga e para piorar há um “negacionismo” absurdo por parte de algumas autoridades e pessoas em geral. Isso sem contar os “doutores de araque” que, por ignorância ou por acharem que vão proteger a economia, andam receitando soluções que só oferecem efeitos colaterais, até com risco à saúde dos incautos.
Mundo afora a economia patina em crise profunda e para nossa preocupação o Brasil é um dos mais afetados, até porque já vinha com problemas econômicos e sociais que, diante da inoperância e das bravatas governamentais, só se agravaram.
Politizaram a vacinação, retornaram ao patamar mais inaceitável do “toma-lá-dá-cá, desafiam diariamente os parceiros internacionais, praticam uma política ambiental destrutiva e de costumes que nos fazem pensar que voltamos à Idade Média.
Os governantes precisam sair das suas “bolhas”, ouvir o povo, simplificar e agilizar processos, parar de pensar somente na próxima eleição e buscar atender as expectativas mínimas.
É urgente possibilitar um salário que permita ter acesso à saúde, à escola, a um transporte coletivo adequado, contar com serviços sanitários básicos, dispor de lazer e de cultura e de uma aposentadoria digna para enfrentar os achaques da velhice.
É hora de pensar no pequeno investidor, na agricultura familiar, dar-lhes condições mínimas para o enfrentamento ao caos que se avoluma, antes que esse povo perca de vez a esperança. É importantíssimo amparar quem tem fome, acolher quem está se afogando na miséria. Enfim há muito que fazer, chega de lero-lero.
Força povo brasileiro! Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe.
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