Opinião | A escravidão dos dias… de hoje!

Imagem: obra na rua de Paulo Ito/Divulgação

A beleza das redes sociais oferece um silêncio profundo das tristezas reais, gritarias insanas de moinhos e cabeças de vento. A feiura da internet fica grudada nos outros. Ela não é nossa, de forma alguma, nunca será! Está nas imperfeições de vidas que, com a ponta dos dedos, buscamos afastar.

Arrasta pra cima, passa para o lado, clica, desclica e não deixa de espiar. Repetindo, copiando, reproduzindo como loucos… e vai se assemelhando ao grupo padrão, fechando os olhos para as alegrias simples, em uma busca insana do consumo, do corpo perfeito, do estilo de tocar os dias como em um sonho inexistente, inalcançável.

Eu sei lá, acho que deve ser coisa minha, confesso que não ando com a cabeça muito boa, mas, faço gosto de compartilha esta reflexão hoje, pertinho de mais uma black friday.

As vezes tenho a sensação que aquilo que o mundo reservou para mim, eu jamais poderei alcançar. Você também não tem o percepção que os dias passam em uma roda de ratos, clamando por urgência, aprisionando, trancando os caminhos em um círculo de desejos, de exigências tão grandes, em um corre maluco para fazer tudo antes do próximo boleto chegar? Ufa! A ansiedade é fogo!

Em uma pergunta eu carrego tantos dilemas: das incríveis vitórias dos outros, que não espelham as nossas; das competições que nem arrisco embarcar; e também das guerras, lutas e bandeiras que poucos insistem em bradar. É claro, vejo ainda um tiquinho das algemas de dívidas, do chicote da rotina e todas as obrigações indesejadas que precisamos aguentar.

Fazem menos de duas décadas que começamos a ocupar esta praça virtual e privada das redes. Já são longos estes anos, de dedo em baixo e goela arreganhada, brigando, brabos, para encontrar aquele espaço reservado ao sol. Ganhamos uma núvem chuvosa, carregada, que tornou o descampado perigoso.

As coisas tecnológicas que chegaram, porém, acresceram mais complexidade ao que nunca foi traquilo. Administrar vontades, opiniões, esperanças já não cabiam em uma carta. Ao tentar resumir tudo isso em uma “linha do tempo” virtual, pública e compartilhada com milhares de estranhos, fizemos do emocional um pano de chão fedido.

Queríamos um bosque com jardins inteiros de lindos-tranquilos campos verdes. Plantamos sem respeitar o lento florescer… e, nesta colheita, sobraram os frutos de uma imensa frustração, com a ansiedade abatendo a maior parte do povo que, agora, carrega nos braços duras algemas, dívidas que empobrece, escravizam e roubam os verdadeiros sonhos e desejos de, ao menos, 80% da nação.

As redes, suas belezas e problemas permanecem em silêncio trazendo dúvidas, angustias e escuridão. Precisamos discutir, aprimorar e avançar!

Boa semana!

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