A política brasileira, especialmente a catarinense, passa por um momento imensamente triste. É inacreditável como a estupidez avança e, sem nenhuma preocupação com o futuro, vai espalhando demagogia, uma burrice disposta apenas aos aplausos por resultados espalhafatosos, imediatos, rasos. A página será virada, em algum tempo, deixando para história o registro da infantilidade, da maldade de hoje. Quanto mais afastados estivermos deste período, menor será a vírgula que restará para contar sobre aqueles que exercem função eletiva atualmente.
No lugar de respostas – aspas para exceções, elas existem – o esforço é para o manter um teatro caótico, poluindo as redes sociais, as rodas de conversa, as praças, confundindo e não comunicando. A histeria para “mitar”, para ocupar o centro do palco, abandona a racionalidade se encolhe timidamente frente aos desafios. Nas sombras, dos bueiros, do local que nunca deveriam saído, exalam discursos que, no digital, ganham escala, alcançam proporções maiores que a estatura do emissor do grito. O que poderia ser resolvido com um simples telefonema, ou uma troca serena de e-mails, agora se transforma em um espetáculo grotesco de bravatas, deixando a sociedade refém da demagogia desenfreada.
E nada disso é sem risco. Se em algumas situações o que é derramado oficialmente por mandatários provoca vergonha apenas na própria biografia e para os seus, outros pronunciamentos servem como um bisturi afiado, que fere o tecido social, esgarça as bases públicas, atuando contra a soluções que tanto são aguardadas.
Até certo tempo, a responsabilização dos erros na condução da comunicação com as massas era imediata. As plataformas de relacionamentos incluíram o caos, um vazio de regras, uma ausência de competência, ao tempo que escalam qualquer faísca como bombas a enésima potência. As mais idiotas barbaridades, muitas delas afastadas da firmeza que os dois pés no chão poderiam garantir, invadem o ar poluindo e impedindo qualquer debate racional.
A lógica e a realidade são relegadas ao segundo plano, enquanto o absurdo e a invencionice se erguem triunfantes como os novos soberanos para o público. A lacração, embora possa render frutos momentâneos em termos de conquista de poder ou aumento da notoriedade, revela-se uma pobre investidura para a construção de um legado significativo, capaz de deixar um impacto duradouro na vida das pessoas.
Um representante intelectual da direita global, Mario Vargas Llosa, premiado com o Nobel de Literatura em 2010, apresenta explicações para este tempo. Em sua obra “A Civilização do Espetáculo”, sabiamente observou que a banalização do debate e a infantilização da sociedade através das redes sociais conduzem a um resultado desastroso para a construção política. Conta o escritor peruano que nessa era de autopromoção desenfreada, de uma busca imparável por aprovação, o marketing vazio consome o conteúdo, a prestação de serviço e a discussão crítica. Com isso, fica o público relegando ao papel de mero coadjuvante no grande circo midiático.
É de Llosa, e está no livro, a frase que diz que “na civilização do espetáculo, o cômico é rei”. A constatação, lamentavelmente verdadeira, corrobora que a busca pelo entretenimento fácil e a gratificação instantânea relegam as discussões sérias e as decisões complexas ao ostracismo. A incessante busca pelo holofote pessoal, longe de produzir um conteúdo intelectual e socialmente responsável, acaba por enfraquecer os verdadeiros atores políticos, que são aqueles capazes de enfrentar os desafios com seriedade e comprometimento.
Finalizando, volto a lembrar da estupidez, de homens e mulheres infantilóides, inúteis para as situações reais. É este tipo de político que hoje, infelizmente, formam a maior parte do histérico quadro político que está ai. Sem dúvida alguma, eles serão esquecidos! Não tenho a menor dúvida… em algum momento, por cansaço ou amadurecimento dos eleitores, quando a racionalidade voltar a imperar, todos estarão na lata do lixo da história.
Até lá, enquanto o espetáculo político nas redes sociais continuar, nos dias que restarem de vale tudo, sem regulamentação alguma, cada espaço de discussão será um campo de batalha onde a razão permanece subjugada pela gritaria. Para o bom senso superar o absurdo, cabe aos conscientes afastar aas armadilhas do espetáculo midiático e um debate público verdadeiramente enriquecedor e construtivo.
Tarciso Souza, jornalista e empresário
Seja o primeiro a comentar