Opinião | A ignorância quer calar o samba

Foto: Blog do Jaime/Reprodução

Caros amigos, o carnaval é para cantar alegrias, festejar e até protestar contra as forças que durante o ano inteiro pisoteiam na energia de quem, com ousadia, vive na esperança de dias melhores. Esta tentativa de disciplinar a folia em Santa Catarina, com o poder de polícia, não combina com a tradição destes dias de samba.

É lamentável, um grande pesar, que grupos fundamentalistas religiosos, supremacistas brancos e intolerantes políticos insistam em tentar calar o samba, a manifestação cultural mais representativa do povo brasileiro. Toleram armas em igrejas, incentivam deixar um irmão desamparado nas ruas e criminalizam os blocos, os desfiles, as danças.

O carnaval não é uma forma de depravação, como um punhado quadrado pensa. O fundamentalismo religioso, por exemplo, muitas vezes vê o samba como uma afronta aos seus valores conservadores, como se a alegria e a celebração da vida fossem pecados.

A guerra contra a festa do povo ganha força entre os supremacistas brancos, que tentam de todas as maneiras reprimir e apagar da história a cultura negra, buscando impor ao samba o rótulo de uma tradição menor, de baixo nível e sem valor cultural, uma manifestação de terceira classe. E a intolerância política acrescenta a este discurso uma carga de preconceito, reforçada nestes tempos de ascensão de uma extrema direita, para sufocar qualquer forma artística que esteja desalinhada com seus interesses políticos, transformando a cultura em um palco de batalha ideológica.

Essas pessoas, guiadas por sua ignorância e seus valores ultrapassados, tentam impor uma única visão de mundo, que muitas vezes é baseada na opressão e no controle do outro. Assistimos, em Blumenau, uma tentativa neste sentido. Sufocando o carnaval, trabalhando, preconceituosamente, para evitar que a comunidade viva outro ritmo para além dos cantos germânicos.

Mas, essa visão retrógrada e opressiva, encontra no samba e no carnaval o contraponto, a resistência, a luta e a celebração da vida e da cultura popular. Dançando e cantando, desde as correntes, o povo se manifesta, se expressa e se une em torno de um ideal de liberdade e felicidade.

Que o samba continue ecoando nas ruas, que as baterias toquem com ainda mais força, que as fantasias coloridas encham os olhos de todos. Que a alegria seja sempre o nosso maior grito de resistência e que aqueles que tentam calar o samba sejam lembrados como meros passageiros na história, nas páginas destinados a escória.

Tarciso Souza, jornalista e empresário.

1 Comentário

  1. Deveria ter coragem e dar nome aos bois “Supremacistas brancos”.

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*