Opinião | A ruína moderna do Centro Histórico de Blumenau – Memórias do Clube Náutico América

Foto: Google/Reprodução

A você que esperava deste texto, uma história fantástica, nostálgica, de uma agremiação esportiva. Sinto muito acabar com seus anseios. Não poderei resumir este relato a apenas isso. Nem mesmo contar tijolos sucumbidos no passado, podemos, ao menos, revirar os destroços.

Fundado há mais de um cento de anos, era primavera de 20 de outubro de 1920, por iniciativa de um da Luz, este nascido na cidade do interior, aquele que… deixe-me ver. Vamos tentar novamente? O Clube Náutico América foi fundado por iniciativa do juiz de direito, Amadeu Felipe da Luz (13/09/1892 – 02/09/1934), aquele que teve um imenso evento funesto de quando sua partida deste mundo, uma caleça pomposa, enorme de grande, puxada por lindos cavalos, tomou conta do dois de setembro daquele ano, cortando todo o centro da cidade que também guarda uma XV de novembro – a Blumenau insular. 

Mas foi apenas no ano de 1921 que a agremiação náutica conseguira, finalmente, adquirir e batizar os seus 3 primeiros barcos que receberam as denominações: Nahyde, Nina e Luv. Foi nesse mesmo ano que tiveram sua primeira sede instalada nas proximidades da antiga Prefeitura. Posteriormente, acabou transferida para às margens do Itajaí-Açú.

Da efervescência do esporte catarinense, a prática do remo tornou-se uma das competições em que a agremiação verde-branca-preta mais conquistou títulos para Blumenau. Nesses 100 anos de história, o clube alçou voo, procurou modernizar suas instalações e foi nesse percurso que lhe faltou planejamento e diálogo com a construtora contratada, a RB, pois, a área escolhida e doada pelo Estado, em 1936, era de preservação ambiental, hoje também Centro Histórico da Blumenau, assim ficando proibida a utilização para o fim que se deu e “esqueceu”.

1978 –  A década do cinquentenário. Numa época em que se proliferava iniciativas cuja base era o turismo. Desde o final dos anos 1940, a cidade caminhou dinamicamente para a venda de uma cidade cenográfica, na maioria das vezes, buscando referência em seu passado germânico, uma imagem identitária forjada. Em sua ampliação, a audaciosa obra serviria para administração do clube, comportaria apartamentos sofisticados e demais acomodações distribuídas em 15 ou 19 pavimentos de prédio com elevador para carros e estacionamento privativo nos respectivos andares. Demorou muito não, logo decorou a esquina do Itajaí-Açú, que era também para ter uma ponte uns anos atrás, num dos pontos mais importantes da cidade como um autêntico esqueleto cimentado, e isso perdura desde 1996, quando se paralisou oficialmente a edificação América após embargos.

Muito se fala, ainda que não o suficiente, sobre os problemas sociais causados pelo abandono de prédios e da carência da população e, muitas vezes, uma coisa está atrelada à outra – recursos. Diferentemente das capitais, lê-se também grandes cidades, que procuram enfrentar esses problemas de outra maneira. Em cidades interioranas, se bem que, qualquer cidade de nosso Estado poderia receber essa alcunha, uma vez que pouco se aproxima da oferta de bens e serviços, salvaguardas (engarrafamento, estresse, poluição, etc.) e densidade demográfica presente nas demais regiões do nosso país. Acontece o encarceramento, quando possível, de sujeitos que, aos olhos das autoridades e de boa parte dos cidadãos de bem, desvalorizam a perfeita vida privilegiada que o Sul permite a seus habitantes, ou pelo menos demonstra a seus visitantes. Isto é, “havendo abrigos provisórios disponíveis que assim seja feito. Caso não, que escondam esses seres repugnantes para trás dos morros.” 

Existe um planejamento para abafar o problema, mas não existe um sequer para resolvê-lo. A cidade de Blumenau carece até mesmo de um levantamento apurado dos imóveis abandonados que poderia servir para tanta coisa, de públicos a privados. Enquanto isso, o cidadão continua sendo privado de mais um direito constitucional, o direito à moradia.

Antes fosse apenas um problema estético à paisagem urbana, são muitas às cartas na mesa que preocupam qualquer um que tenha o mínimo de empatia. O contexto pandêmico, queríamos crer, faria disto interesse mútuo, contudo, sem rodeios, o contrário aconteceu, camuflam a insegurança citadina cotidiana, os problemas sérios de saúde pública e a própria economia. Condenam quem passa à calçada, o transeunte, e até mesmo seus usuários, os hóspedes, em busca do conforto de um teto para dormir, consumir drogas/bebidas e, ou simplesmente sentir-se parte de alguma estrutura autônoma, isto é, assegurar sua independência, a humanização do ser humano e transformar aquela realidade. 

O novo capítulo desta série estreou em 2011, parecia ser o último, “a justiça federal determinou a demolição do esqueleto América, digo, Edifício América”, cujo prazo deveria ser cumprido em 1 ano. Nesse percurso, já se queria fazer dali um hotel. No entanto, cabia recursos, e coube tanto quanto podemos enxerga-lo ainda de pé, arruinado em seu destino e denunciando satiricamente o descaso com que vivemos na pequena Alemanha sem passaporte. Em 2014, a ordem de demolição foi suspensa pelo TRF da 4ª Região, em Porto Alegre. E assim, o final parece inalcançável, ou melhor, sem limites, acuso comparar aos remakes das novelas do Sistema Brasileiro de Televisão.

Incrustado entre tantos casarões centenários, palmeiras, museus, paço público e o Grande Hotel. Grande também foi o sonho de edificar aquele imóvel que jaz ali, presente e passado se encontram. E este é só mais um dos muitos. De estúdio de fotos a paredes forradas de afrescos, pichações, grafites e murais, quem sabe foste esta a forma mais adequada de dizer alguma coisa diferentemente de uma palavra, algo que caiba politicamente num porcento de chance de sua inauguração ocorrer ainda no seu sesquicentenário.

Como dizia Paulo Freire: “O utópico não é o irrealizável; a utopia não é o idealismo, é a dialetização dos atos de denunciar e anunciar, o ato de denunciar a estrutura desumanizante e de anunciar a estrutura humanizante. Por esta razão a utopia é também um compromisso histórico.”

Assim como uma legítima embarcação parada no antigo porto que ali havia, ficou o prédio ancorado no tempo apenas com a proa, a popa e o timão, sem condutor, os passageiros subiram e correm o risco de guiar seu próprio destino à sua causa.

3 Comentário

  1. A história parece ser interessante, mas o texto … desisti no segundo parágrafo. Sugiro uma revisão gramatical e sua republicação

  2. Se observarmos a curva que o rio Itajaí faz, e ligarmos esse ponto de curva em uma reta, além de tirarmos o rio do centro de Blumenau, reduzindo as enchentes, teríamos um solo criado para novas construções e desenvolvimento do centro; e além de tudo, não teria mais a distância da margem para conclusão dessa obra paralisada a tantos anos.

  3. Caramba…. história tão interessante narrada por pessoa inabilitada. Erros grosseiros de narrativa, ortografia terrível. Beira ofensa ao leitor desavisado, ainda levado ao conhecimento de “pérola” do intragável Paulo Freire. Pqp….

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