Opinião: a turma do muro

Foto: reprodução

Em uma campanha eleitoral profundamente marcada pela polarização e o descrédito dos políticos, o centro é o pior lugar onde um candidato pode estar. Se o centro é um boa posição para governar, para disputar uma eleição este lugar não costuma atrair simpatias ou aderências. Segundo Max Weber, sociólogo alemão, a obediência é conquistada pelo medo ou pela esperança, característica que um político no centro do espectro político não costuma mobilizar.

Das doze candidaturas à prefeitura municipal, ao menos três podem ser colocadas nesse grupo: Débora Arenhart (Cidadania), Jairo dos Santos (PRTB) e Wanderlei Laureth (Avante). Outra característica desta trinca de candidaturas é a falta de estrutura. Na democracia liberal, as campanhas eleitorais nem sempre oferecem aos concorrentes a igualdade de armas – reflexo da própria desigualdade existente na sociedade. Há as agremiações partidárias mais estruturadas e as que improvisam recursos para conseguir expor suas ideias, projetos e bandeiras políticas.

Bandeiras políticas, aliás, não é o ponto forte deste grupo. É uníssono nessas candidaturas a mutação na nomenclatura partidária, atrelada à realinhamentos ideológicos. O hoje Cidadania, de Débora Arenhart, já foi fundado graças a uma dissidência do antigo Partido Comunista do Brasil (PCB). A sigla de nascimento era Partido Popular Socialista (PPS), e só em 2019 ganhou o atual nome. Contudo, durante todas essas décadas de mutações o partido continuou ser presidido por Roberto Freire.

Outro partido que mudou de nome foi o Avante, de Wanderlei Laureth. Até 2017, era chamado de Partido Trabalhista do Brasil (PTdoB), uma pequena sigla que desde a redemocratização elegeu no máximo 4 deputados federais no Brasil inteiro. 

Surgido como dissidência do velho Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), o partido de Jairo Santos é controlado pelo folclórico Levi Fidelix. Já teve em suas fileiras o ex-presidente Fernando Collor de Melo e hoje tem no vice-presidente da república, Hamilton Mourão, a sua principal estrela. Peculiar também é a carreira política do candidato a prefeito do PRTB em Blumenau. Diferente dos seus colegas, o advogado já foi quatro vezes candidato a vereador. A primeira vez foi em 2004, pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) – agremiação da extrema esquerda brasileira, e depois tentou chegar à câmara de vereadores em 2008, pelo DEM, e em 2012 e 2016 pelo PSDB. 

É claro que Débora, Jairo e Wanderlei têm o direito a candidatar-se ao posto político número um da cidade. Mesmo que nenhum deles nunca tenha sido eleito para qualquer outro cargo público. A preocupação com os destinos da sociedade é louvável. No dia 15 de novembro o resultado das urnas pode nos surpreender, porém, para jogar o jogo político é preciso muito mais que voluntarismo e boa vontade. 

1 Comentário

  1. Eles se candidatam sabendo que não serão eleitos , que não possuem capacidade de governar a cidade , mas existe o fundo partidário ,e talvez este é o maior interesse , talvez….

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