Opinião | Bandidagem é o resultado de uma falha da sociedade

“Arte Escondida 2013"/ artista não conhecido / Sistema Prisional Rio Grande do Sul

Eu realmente não entendo se as pessoas são ingênuas ou completamente cegas de raiva. O ódio, o rancor são péssimos conselheiros, juízes reprováveis. Estou longe da pureza das crianças, porém, sou incapaz de desejar a tortura, a insalubridade, o fim da vida como resposta a uma violência anterior.

O “olho por olho”, na prática, faria de nós um bando de bárbaros, iguais aqueles que matam, estupram, ferem. Sem diferença alguma, uniríamos o inverso de justiça e a brutalidade irracional. Para a minha paz e consciência este fardo pesaria muito.

Um erro do outro deve ser respondido com a lei. Nem mais dura, nem tão branda… apenas o rigor da lei! Goste ou não é assim que é! Em qualquer país civilizado foi o que funcionou. Por qual motivo no Brasil seria diferente?

O caminho para solução de todos os conflitos, crimes, passa pela disciplina social tutelada por regras claras, fiscalizadas e aplicadas. Para os crentes o poder divino é o que basta. Eu, verdadeiramente, desejo a força punitiva do Estado, com agilidade – o suficiente para sentir a presença da proteção -, honestidade -para não pesar para lado algum – e disciplina – mantendo o apenado em condições de cumprir o seu débito com a sociedade.

É sério que você acredita que um maluco sem coração deixará de violentar uma mulher se a penalidade for a mutilação genital do agressor? Ou, que um preconceituoso tem medo de ficar enjaulado em local insalubre?

Ninguém é capaz de educar usando o medo como aliado. Desafio apontar um único exemplo que a violência de Estado foi a política correta contra o horror do crime. O que todo bandido teme é ser descoberto. A lei e a severidade da pena não são consideradas por nenhum bandido no momento que pratica a transgressão.

É enganoso pensar que mais leis, ou regras mãos rígidas, mais violência policial, mais repressão, mais cadeias superlotadas podem entregar um numero menor de criminalidade.

Eu não sou jurista, nunca estudei para isso. Porém, parece algo de simples percepção que o que estamos tentando até aqui, em tantos anos de história, para a área de segurança pública, não está funcionando. Nesta eleição, precisamos de políticos comprometidos com uma ampla revisão do sistema de proteção do cidadão. O que inclui revisitar a constituição, com o aprimorar das leis, é evidente… que pode significar ter que abrandar algumas regras. Mas, também, novas práticas buscando reduzir o encarceramento, a truculência policial, a caçada ao oprimido.

Parece bastante óbvio para mim, que vivemos uma cultura de prender pretos, pobres e usuários de drogas. Uma prática que não isolou da sociedade o persiste problema que causa insegurança nas ruas.

Precisamos ser capazes de quebrar o ódio, o preconceito! Esta é uma urgência! E fazer isso enquanto é tempo de desarmar a enorme bomba que conta os minutos para explodir nos presídios e nas diversas tribos em todos os cantos do Brasil.

2 Comments

  1. Tarcísio, teu foco está desvirtuado! O problema não está na Segurança Pública, mas sim na Ordem Pública. Conceitos diferentes e de responsabilidades de atores políticos diferentes!!!

    Tua visão exprime somente sobre as consequências e não das causas dos problemas!

    Me coloco a sua disposição ou a de qualquer outra pessoa para esclarecer o que não conseguem ver e entender o que está escrito na Constituição Federal e no Estatuto da Cidade.

    Se antes de falar sobre o assunto as pessoas lessem estas legislações entenderiam parte do problema existente! Mas como disse, fico a disposição para sanar dúvidas!

  2. Reprimir o sentimento de vingança da sociedade produtiva contra o assassino, o pedófilo, o estuprador e o infanticida constitui um erro histórico e silencioso, sinal de decadência civilizatória.
    Esse artigo foi escrito antes da tragédia na Creche e de tanta nojeira que ainda virá, antes da falência institucional do País e da república de narcotraficantes e pusilânimes que será.

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