São tempos difíceis para falar sobre muitos assuntos, mas a política e a religião continuam sendo os temas mais polêmicos. Quando discutido superficialmente deixa de ser uma troca e passa para a fase do discurso de ódio. Basta uma palavra mal colocada ou uma mal interpretada para azedar qualquer relação. Com a internet e principalmente as redes sociais começamos a externar mais as nossos gostos, crenças e opiniões sobre tudo – com ou sem conhecimento de causa. Apenas, opiniões.
Nesta terça-feira, 12, os fieis comemoraram o dia da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Alguns celebraram com festa e foguetes, outros preferiram o silêncio e as meditações. Foi o momento de muitos pagarem promessas e outros de renovarem os pedidos, que no inconsciente, só a fé pode ser capaz de alcançar e realizar. A imprensa trouxe à tona a história de fé do bombeiro voluntário da cidade de Rodeio, Rafael Motta, que contraiu a Covid-19 e ficou internado na UTI. Ele fez uma promessa de que se vencesse a doença e saísse sem sequelas subiria um morro de seis quilômetros que leva à uma igreja do município carregando uma cruz. Ele venceu o coronavírus e conseguiu pagar o juramento neste dia 12.
Com a divulgação do ato de fé muitas pessoas se sentiram no direito de opinar sobre a decisão do Rafael. Umas ponderando positivamente a atitude, dando glória pela vida e para Deus e, outras, de forma negativa, comentando que ele era um “tolo perdido que queria aparecer”. Com as redes sociais, terra de ninguém, as pessoas pararam de reconsiderar as palavras. Apenas digitam infinitamente sem pudor ou empatia alguma e enter, enter, enter. O Rafael foi só mais uma das tantas vítimas de opiniões alheias que já foram e virão.
A verdade é que boa parte do tempo não respeitamos a fé, nem o posicionamento político, as escolhas individuais do ser humano e o pensamento de ninguém. No discurso até se usa o ‘respeito a tua opinião’, porém a frase já vem acompanhada de um ‘mas’. Aceitar o ponto de vista do outro não te obriga a concordar com ele. O Brasil de agora vive de extremos. De lados. Não tem uma união. Essa guerra de um lado contra o outro, do Brasil de uns e do Brasil de outros precisa ter fim. É preciso voltar ao centro para não tornar esse país, um país pequeno. Não precisamos pensar iguais para sermos um mesmo Brasil. Nós precisamos respeitar e conversar com as nossas diferenças.
Por fim, um parágrafo recheado de muita fé. Sou cristã e, por isso, creio em Jesus Cristo. Ele nos ensinou que somos todos irmãos, que ninguém é melhor do que ninguém, que não nos cabe julgar o outro. Foi ele quem sentou à mesa com mulheres para comer, quem protegeu a prostituta, que chamou o cobrador de impostos para caminhar na fé. Jesus andou ao lado dos rejeitados pelo senhores das leis e pelo povo, colocou suas mãos nos doentes e nos leprosos. Jesus foi e é inclusivo e cheio de amor. Termino a coluna com uma uma parte do evangelho. “Eu não vim para convocar justos, mas sim pecadores”, disse Jesus (Marcos 2:17).
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