Por Felipe Schultze – Bacharel em Direito
O Brasil sempre foi um mar imenso e desigual. Frágeis, os mais pobres são engolidos por marolinhas. Enquanto os mais ricos optam por tomada de decisões, a classe média fica exposta aos riscos que o mercado financeiro produz. Desde a crise econômica iniciada em 2015, a desigualdade aumentou.
Sempre fomos desiguais, é verdade. Lembro-me que o mantra da ditadura era fazer o bolo da economia crescer para depois repartir. Interessante perceber que na época o bolo cresceu, desmanchou e não foi repartido (nem migalhas restaram aos mais pobres). Os fatos que precisam ser encarados é que a economia da desigualdade não foi consertada nem no regime militar ou democrático, a desigualdade está aumentando durante os anos. Parece-me que a estrela cadente que representava a esperança de dias melhores foi esmagada por uma crise que insiste em permanecer. Como abrir uma laranja podre corroída pelo tempo, a atual crise revela desigualdades.
No atual teatro de horrores há uma revelação que já deveria ser óbvia: se dividirmos por gênero e etnia, a fissura que separa os ricos e pobres é espantosa. Dentre os desempregados, 52% são mulheres. A taxa de desocupação entre os que se declararam brancos (10,2%) ficou abaixo da média nacional (12,7%) no 1º trimestre. Porém, a dos pretos (16%) e a dos pardos (14,5%) ficaram acima.
Desculpe, mas não há desculpas, a economia revela-se como um rolo compressor aos grupos já historicamente marginalizados. É preciso de liderança e coragem para enfrentar os problemas e salvar a terra arrasada. Em um país sem lei ou estabilidade, a política (e não a politicagem) se faz necessária para conciliar os interesses do mercado e da nação.
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