Opinião: Dia Nacional de Combate à Hipertensão Arterial e a Covid-19

Foto: reprodução

A hipertensão arterial é uma das doenças mais prevalentes e está entre as principais causas de morte no Brasil e no mundo. Em 2020, com a pandemia de Covid-19 em curva ascendente no número de casos, o Dia Mundial de Combate à Hipertensão Arterial, comemorado em 26 de abril, apresenta uma importante discussão sobre os cuidados básicos para evitar complicações no cruzamento dessas doenças. Além das consequências já conhecidas, outro vilão agora pode ser a mudança no cotidiano dos pacientes, eles podem estar se afastando do tratamento necessário por medo de ir aos consultórios, clínicas e hospitais, e contrair a Covid-19.

A preocupação que restringe a procura por tratamento está associada ao receio de contrair o vírus, já que em muitos dos casos, por razões ainda não bem determinadas, as doenças crônicas agravaram o estado de saúde deste grupo. O grande problema é que sem revisão médica e com o tratamento postergado, a saúde pode ser ainda mais comprometida. Situação que alerta para a importância de lembrar que a hipertensão arterial, assim como outras doenças crônicas precisam continuar sendo tratadas, mesmo com as restrições provocadas pela pandemia.

A pressão arterial elevada acomete 30% da população adulta e 55% das pessoas com mais de 70 anos – idade em que o risco de morte aumenta muito. Acontece que em 95% dos casos a doença é diagnosticada como primária e não tem uma causa isolada, portanto se for tratada regularmente o organismo pode resistir por muitos anos.

Conveniente relembrar nestes tempos de Covid-19, que a previsão de mortalidade para 2020, de casos atribuíveis à hipertensão arterial e suas complicações é de 300 mil pessoas no Brasil, e de quase 10 milhões em todo o mundo. Tragédia que ocorre anualmente, quase sem provocar indignação por parte da sociedade, com mortes precoces e evitáveis, geralmente por complicações cardiovasculares e/ou renais.

Diante deste cenário, aponto um questionamento seguido de reflexão: por que a hipertensão arterial apresenta números de mortalidade até este momento maiores do que a pandemia que nos assola, mesmo com tantos tratamentos e prevenção? Uma das razões é por ser uma doença que, salvo em situações pontuais e na ausência de complicações, é assintomática. Ainda é muito comum observar que o hipertenso usa estas justificativas para a interrupção do tratamento, ou relaciona a falta de adesão a ele.

Nesta data criada para combater a hipertensão arterial, cabe às organizações, médicos e equipes de saúde, conscientizarem a população sobre os tratamentos e controle da doença. Contudo, estes esforços podem ser totalmente inúteis, se não houver a contribuição do paciente. Lamentavelmente, apenas entre 20 e 25% da população brasileira hipertensa está com a pressão arterial dentro da meta de menos de 140/90 mmHg (classificação normal).

Importante relembrar nestes tempos de Covid-19, que há décadas, 30% das mortes são causadas por doenças cardiovasculares, quase sempre precoces e evitáveis.

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