Verdade seja dita: dinheiro não é tudo, mas, na minha conta bancária, resolve uma penca de problemas. Na política esta máxima popular também é seguida. O poder econômico faz uma enorme diferença na hora de conquistar o eleitor. Mesmo os partidos com multidões de apaixonados militantes só conseguem dar voz as suas ideias e propostas gastando um bom troquinho. Deles, ou de outros CPF’s!
Existe um esforço imenso, impresso em leis, para tentar equilibrar o saldo de todos os concorrentes em uma eleição. Desde a redemocratização, diversos alternativas foram testadas, encerrando algumas tentativas, liberando outros experimentos e deixando a criatividade dos candidatos fluir, também, na captação de recursos para os seus projetos. E, ao que parece, estamos longe de encontrar um resultado traduzido em isonomia entre os postulantes.
Você pode criar a teoria mais linda do mundo colorido do ponei encantado. Imaginar um Brasil pintado das cores que mais gosta, dos cenários mágicos das histórias felizes… entretanto, nunca poderá negar que sem a força do dinheiro, um alguém financiando a democracia, a eleição deixa de existir. E, na falta do Estado Democrático, o que impera por estes lados é a mais absoluta barbárie.
É muito engraçado ver uma imensidão fervorosa criando as mais diversas teorias sobre os destinos do país. As discussões simplórias de temas complexos, como o financiamento de campanha, que ganha as páginas como se ofertas de água gaseificada fossem.
O fundão eleitoral não é um exemplo de perfeição. Precisa ser revisitado e discutido muitas vezes. Mas, é uma fórmula interessante para tentar entregar igualdade econômica na representação das ideias. E, com muita cautela, afirmo que se o problema da política fosse o fundo eleitoral a sociedade não teria mais dificuldades. O custo de garantir o poder de escolha é bem maior que isso.
Até certo tempo existiam doações de empresas aos candidatos. A prática foi encerrada buscando por um fim no clientelismo servil entre os mandatários e seus doadores. Em 2022, ao que podem ser observado, donos de empresas com contratos com o poder público, alguns com aditivos recentes , aparecem como doadores de campanha. Apontando para uma prática minimamente questionável.
Toda complexidade do financiamento eleitoral não fica limitado dentro do que circula nas contas dos partidos e candidatos. O dinheiro envolvido no entorno, por pessoas físicas e jurídicas que decidem apoiar um político também deve ser considerado. Causa desequilíbrio e é muito prejudicial a força econômica de grupos organizados para vincular publicidades, por exemplo, as causas do escolhido por eles. Fato que pode induzir outros eleitores em suas decisões.
O financiamento da democracia requer uma discussão desapaixonada do tema. O que vai muito para acontecer no Brasil. Afinal, é comum, por exemplo, ver servidor público candidato, com licença remunerada, atacar, como um trunfo, o financiamento público eleitoral.
Onde o fundo eleitoral distribuiu igualdade econômica nas campanhas, cite um exemplo (se achar).