Artigo: com o fim da intervenção, Prefeitura deve dizer o que encontrou na Glória e no Consórcio Siga

Foto: Fabrício Theophilo/Informe Blumenau

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alexandre gonçalves

Alexandre Gonçalves

Jornalista

 

Desde o momento que a Prefeitura fez a intervenção na Empresa Nossa Senhora da Glória e consequentemente no Consórcio Siga, sempre pensei que tinha um plano B. Meter a mão na cumbuca do jeito que fizeram era um desafio e tanto. Muita coragem.  De poder concedente, fiscalizador, a administração municipal se propôs a dar um jeito para resolver o problemão que é o transporte coletivo na cidade. Sinalizaram abrir a caixa-preta. Pelo menos foi o que se vendeu ou ficou no imaginário da população.

Menos de 30 dias depois,  o discurso é outro. Certamente perceberam o tamanho do conteúdo da cumbuca. No mesmo dia que 27 ônibus da Glória foram apreendidos pela Justiça por falta de pagamento e às vésperas de uma iminente greve, a Prefeitura anuncia o fim da intervenção e a devolução da empresa responsável pela maior parte do serviço para o controvertido proprietário, José Eustáquio Urzedo. O mesmo que adquiriu a tradicional empresa de Blumenau em 2013, com o aval das mesmas pessoas que hoje estão na linha de frente da administração municipal.

O argumento oficial é que o trabalho que os interventores se dispuseram a fazer foi realizado. Garantiram o pagamento dos salários ( esquecendo o problema do adiantamento de salário da Verde Vale), a manutenção do serviço (deixando de lado a apreensão dos ônibus e o risco de nova paralisação, causado pela própria Prefeitura que não aceitou negociar a carga horária de 44 horas com o Sindetranscol, finalmente aprovada com a volta de Eustáquio, no sábado a tarde) e o levantamento dos dados que irão subsidiar o trabalho de uma comissão, encarregada de levar uma proposta para o prefeito Napoleão Bernardes (PSDB).

Em menos de 30 dias, a Prefeitura, elogiada pela coragem de fazer a intervenção no caótico sistema de transporte coletivo, devolve o comando para a pessoa que é considerada uma das protagonistas deste caos, o empresário José Eustáquio.  Assim, sem mais nem menos, sem explicar claramente o o que encontraram lá e qual será a proposta a ser levada para o chefe do Executivo. E sem explicar como ficam os usuários no meio deste tiroteio.

Existem riscos de outros ônibus serem recolhidos? Os trabalhadores terão seus direitos trabalhistas respeitados? Teremos novas paralisações? Os ônibus que circulam estão com a manutenção adequada? Tem dinheiro para fazer a frota rodar? Se o empresário é o “rei do rolo”, como fala-se livremente nos bastidores, porque devolver a empresa para ele?

São muitas perguntas e um silêncio ainda maior por parte da administração municipal.

A versão oficial está aqui.

Não questiono a seriedade das intenções do Poder Público, mas entendo que se atrapalhou. Se precisava discrição para promover a intervenção, ao devolver o serviço aos donos deveria jogar luz sobre o que encontrou.

Volto a escrever. A administração tucana tem responsabilidade no que acontece hoje. Fez que não era com ela quando o comando da Glória foi vendido para José Eustáquio Urzedo, em 2013. Como poder concedente, consentiu com o negócio.  Lá também não fez questão de dar publicidade a transação.

Hoje reclamam, a boca pequena, do “Frankenstein” criado por João Paulo Kleinübing (PSD) em 2007, ao autorizar a formação do Consórcio Siga. Ali estaria a raiz do problema. Destacando que PSDB e PSD sempre caminharam juntos, inclusive agora.

Ainda acho que a Prefeitura tem um plano B. E torço para que apresente rápido.

Também torço para que os usuários não sofram mais.

apreensão onibus 3

 

5 Comments

  1. O executivo abandonou o barco as vésperas de uma greve e no dia da apreensão dos veículos , porque ? A intervenção foi somente uma desculpa esfarrapada da administração pública , pois sabiam muito bem o que iriam encontrar na “cumbuca”
    chamado SIGA . O Prefeito era base aliada de JPK , o interventor foi presidente do SETERB por 2 anos , a intervenção foi somente para tampar o Sol com a peneira .
    Porque o executivo e todos os vereadores da base aliada não querem um CPI no transporte público ? O que se quer esconder a sete chaves ? Estamos precisando que o Delegado da Polícia Federal de Curitiba venha trabalhar um pouco em Blumenau , quem sabe consegue descobrir o que se esconde por trás de tanto mistério .

  2. Posso estar enganado, mas acredito seriamente que o colapso total do transporte público (Glória) é eminente.E o plano B da prefeitura, queria muito estar certo ser o que descrevo abaixo:
    A equação será: Deixa arrebentar o que não tem mais conserto. Acaba o consórcio SIGA, a dor de cabeça. Devolve-se os ônibus comprados e não pagos ainda, a exemplo dos que já foram recolhidos, o restante da frota sucateada é vendida para cobrir algumas migalhas das dívidas da empresa.
    As empresas remanescentes do consórcio provavelmente não tem como assumir a fatia de mercado deixado.
    Então a prefeitura em caráter de urgência insere outra empresa de transporte, séria com capacidade profissional para tal (aquela de Joinville e outras cidades aqui próximas que já quis atuar em Blumenau, mas perdeu na concorrência, noa bastidores acredito eu).
    Então ao invés de subsidiar “empresário do rolo” e empresa quebrada, a prefeitura vai investir a grana necessária para subsidiar o início das operações da nova empresa, que tenho certeza fará todo o estudo de viabilidade necessária para a operação saudável das linhas por 30 anos.
    A solução não está em fazer manutenção temporária nas linhas para resolver problemas de ônibus apreendidos, a solução não está em deixar os usuários empilhados com excesso de passageiros para dar conta de levar todos, a solução não está em pagar atrasados motoristas e cobradores, gerando caos, revolta e descontentamento.
    E muito menos, a solução é “tentar operar com o que temos”, por que o temos é sucata, que se for levado a sério é recolhido mais da metade por tempo de uso, e o restante por falta de manutenção. Diariamente tem ônibus quebrado na cidade, diariamente tem ônibus andando todo torto, diariamente tem ônibus emitindo fumaça muito além do normal.

  3. Solução de Sérgio, acima, parece bastante interessante. Pelo menos tenta mostrar uma luz no fim deste túnel, muito melhor do que apenas fuçar sobre possíveis teorias conspiratórias. Se a prefeitura tem plano A, B ou C, não sei. Não sou empresário do transporte coletivo para entender do assunto. Mas acredito nas boas intenções dos governantes municipais e espero que a população que utiliza ônibus não seja mais prejudicada.

  4. Rubem,Sergio,João,meus queridos amigos sou motorista da empesa gloria,não tenho ser tesa do meu futuro como funcionário,quanto a manutenção dos veículos,tenho ser tesa que a quebra de todos os carros sem e cessão,a culpa é do poder publico,as estradas da nossa bela Blumenau está uma porcaria,poe seu carro rodar cerca de 16 horas diária,durante um peiudo de um mês,ai vocês vão entender do que estou falando,(se eu foce empresario do transporte jamais colocaria meus veículos pra rodar nestas ruas ) se conhece uma administração de uma prefeitura pelos estados das ruas .

  5. Seterb anunciou que vai arcar com as despesas de vigilância dos terminais .Obrigação do Consórcio Siga sendo repassado aos munícipes .Os terminais precisam de segurança, mas esta é uma responsabilidade do Consórcio que possui 03 empresas e esta questão esta definida em contrato. Além da população ter vários
    horários cancelados pela incompetência do Seterb, agora teremos que arcar com os custos , isto é uma vergonha . Se foi montado um consórcio, porque as demais empresas não assumem esta despesa, quem estão protegendo, os usuários ou os empresários ?

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