Opinião | Fogo no Parquinho

Fotos: reprodução


Enquanto Lula e Bolsonaro se preparam para os debates, dessa vez sem o Padre Kelmon, mas com direito a puxão de cabelo e dedo no olho, chegou a Semana da Criança. Nem parece, porque as estratégias eleitorais estão num baixo nível “mais fundo que o pré-sal”, e entre acusações de canibalismo e satanismo, “eu fico com a pureza da resposta das crianças”. Como naquela música de Gonzaguinha.

Com o feriado e a eleição na boca do povo, circula pela internet um trabalho de escola infantil, sem pistas sobre o local ou data em que foi desenvolvido, com o tema “Se eu for eleito, prometo”. Entre as propostas de cada aluno, Kayron quer “moto para todos”, Lorena defende “boneca que voa”, Alice luta por “bicicleta a R$ 5”, Anthony deseja “bolsa de rodinha” e a Keteyn, escrito exatamente assim, está mais preocupada com seus próprios problemas. Sua promessa é “Keteyn na foto grande”. E em tempos em que até os nomes são complicados, cheios de y, k, w e h, na sala existe um José, que prometeu “pipa e patins”. Simples assim.

Quem diria, até mesmo um senhor como Vladimir Putin, também já foi desse jeito. Com a retomada dos bombardeios na Ucrânia, percebe-se que, mesmo dias após completar 70 anos, o presidente da Rússia mantém sua criança interior viva, brincando com fogo e explodindo o preço dos combustíveis pelo mundo inteiro. Menino peralta.

Política não é brincadeira

Enquanto tem gente pelo país que se puder mata até pernilongo na bala, também está cheio de Ciro Gomes por aí, mais amargo que jiló, se achando picanha. Uns irritados com o resultado das eleições, rendendo áudios hilários de WhatsApp, e outros inconformados porque, além de terem tido só um voto… nem sabiam que estavam concorrendo! Esse é o caso de Marília Barbosa, a candidata a deputada estadual menos votada da Bahia. Ela diz ter sido convidada pelo Partido Republicano da Ordem Social (PROS), mas desistiu da campanha e achou que seu nome não estaria disponível nas urnas. Agora fica o mistério: se nem ela sabia da candidatura, quem votou nela? Só com pesquisa para saber.

Aliás, elas continuam por aí, como sempre, atacadas por mil motivos, e defendidas só por quem está na frente. No último dia 10, o “DataFolha” apontou que os votos do Ciro vão mais para o Bolsonaro, enquanto os de Simone Tebet tendem para Lula. Mas se o pessoal do segundo turno perde o sono, já tem quem esteja tocando a vida. Um deles é Sergio Meneguelli (Republicanos), famoso por cuidar pessoalmente das ruas e praças de Colatina, eleito o deputado estadual mais votado do Espírito Santo. Vereador por três mandatos, segue subindo, enquanto varre as ruas, planta flores nas praças e ajuda a trocar lâmpadas dos postes.

Se é um personagem, está sendo muito bem interpretado, e desde 2005. Merece um Oscar! Caso seja realmente sincero, é uma prova de que nem todo mundo deixa de ser criança e, na política, vira “Bicho-papão” ou “Mula sem Cabeça”.

Para quem está passando colírio depois de ver TV e tendo que desinfetar computador e celular pelo nível do segundo turno presidencial, eis uma prova de que há esperança. Perdido nas reviravoltas do “jeitinho brasileiro”, uma hora o futuro tem que se tornar presente. E que, ao chegar, passe e leve todo o ódio da política para o passado.
Que fique por lá, e que do mau humor eleitoral, permaneça apenas o humor. Bem brasileiro.

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