Quem é gincaneiro, tão apaixonado por cumprir provas, possivelmente espia atentamente cada linha, de todo texto envolvendo a Gincana Cidade de Blumenau (GCB), como aquele sujeito que está a algumas horas em uma rua escura com uma lanterna ligada nas mãos. É quase um vício, uma brincadeira muito séria para os envolvidos. Um evento que, à primeira vista, pode parecer apenas uma bobagem, mas que carrega consigo um espírito de competição e solidariedade que ecoa em todas as ruas.
Poderia dizer que o município é premiado, em meio à paisagem cênica e à cultura diversificada, com esta joia que brilha há quase três décadas por aqui, estimulando o resgate histórico, a integração social e construindo lideranças.
Durante 16 anos, fiz parte deste desafio inigualável, mergulhando nas atividades que a GCB oferece. Sou uma testemunha das mudanças e transformações que ocorreram ao longo das edições. Hoje, mesmo afastada por outros compromissos, mantenho um olhar atento sobre esse evento que se tornou parte inseparável da vida dos blumenauenses. Meu coração ainda bate ao ritmo das charadas não resolvidas e das pistas a serem seguidas.
É incrível como algo que começou tão despretensiosamente pode crescer tanto. A Gincana Cidade de Blumenau é mais do que uma competição, é uma celebração da comunidade em homenagem ao aniversário do município.
Surpreendentemente, em um único fim de semana, a GCB injeta mais de R$ 1 milhão na economia local. Um feito notável, não há como negar. Além dos números, o que realmente importa é o impacto que promove de resultado social. São doações de sangue para o banco público local, ajuda aos mais necessitados, pedágios e outras atividades que contribuem para melhorar a qualidade de vida de uma série de blumenauenses.
Enquanto a gincana amadurece e se prepara para soprar as velas de três décadas, é tempo de pensar em aprimorá-la. A dúvida que surge é em como torná-la mais acessível e envolvente para a comunidade?
Seria uma ideia simplificar o regulamento? Como quem está afastado, acompanhando distante, penso que transformar o que parece um enigma impenetrável em algo acessível a todos poderia contribuir para uma compreensão melhor da disputa. Quem sabe estabelecer previamente categorias de tipo de provas, quantidade destas e o peso no resultado. Acredito que facilitaria o treinamento das equipes e a leitura de quem deseja acompanhar a evolução da disputa.
É preciso reduzir o risco de trânsito permanentemente e os conflitos com a comunidade. Os eventos como o rally, talvez, poderiam servir de inspiração e ajustes nas provas. Quem sabe separando o tempo para desvendar charadas e entregar provas, um tipo de regularidade. E que tal eliminar a necessidade de longos trechos carregando um “integrante marcado” para o cumprimento de provas? Definindo um número máximo de participantes por equipe para cumprir uma prova, também, poderíamos eliminar a necessidade de comboios de veículos, aliviando o tráfego e os possíveis atritos com os moradores.
As provas de palco, que são pura diversão, e aquelas que dependem do desempenho individual, não deveriam receber um peso de pontuação que prejudicasse todo esforço de equipe. Portanto, elas deveriam contar apenas como pontuação por cumprimento da prova, sem margem para elasticidade de pontos que fizesse do ato de um uma tragédia ao esforço de todos.
E, para encerrar, um toque de suspense cairia bem, não é mesmo? Por que não adotar o estilo do Carnaval para a apuração dos resultados? Revelar a pontuação prova a prova, transformando o momento em uma festa emocionante. Isso tem potencial de gerar um final apoteótico, quase um evento extra dentro da própria gincana.
Assim, a GCB pode continuar a evoluir, atraindo novos públicos, mantendo-se fiel à sua essência e criando uma tradição duradoura. A celebração de 30 anos da Gincana Cidade de Blumenau é um marco notável, e estou certo que todos os envolvidos não medirão esforços para garantir que os próximos anos sejam ainda mais cativantes e significativos para Blumenau. E que venham mais charadas, provas e diversão!
Tarciso Souza, jornalista e empresário
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