Nesta terça-feira, na capital do estado, aconteceu um fenômeno peculiar, porém cada vez mais comum. Em uma sessão extraordinária, em um mês que normalmente estão de férias, vereadores se reuniram para aprovar um pacote de medidas com o objetivo de retirar direitos dos trabalhadores da empresa de coleta de lixo da cidade. A medida, que foi tratada pela imprensa como retirada de privilégios e equiparação de direitos, aconteceu em meio a uma semana no mínimo conturbada. Na madrugada do último sábado, 23 de janeiro, a casa do presidente do SINTRASSEM – Sindicato do Servidores Públicos de Florianópolis, foi atingida por um artefato explosivo. Considerando a violência, o evento é preocupante, amplifica-se pelo fato de os trabalhadores da empresa encontrarem-se em greve, mobilizados contra um pacote de medidas adotadas pela prefeitura local e aprovadas pela câmara de vereadores.
O ataque à casa do sindicalista e a investida política do prefeito contra os direitos trabalhistas e em favor da precarização do serviço público são fenômenos siameses, colocados em prática não somente na ilha de Desterro, mas presente nas casas legislativas em todo o país. São fenômenos sintomáticos de um país que fez opção pela judicialização da política como forma de regulamentação dos conflitos, ou seja, optou pela desinstitucionalização da política. Junta-se a isso a desregulamentação da relação capital e trabalho, provocado pelas reformas trabalhista e previdenciária, que juntas estão construindo um caldeirão de violência e precarização da vida.
O fato é que desde 2014 estamos mergulhados em uma realidade em que o diálogo e o debate político foram deixados de lado. Casas legislativas transformaram-se em espaços de golpes contra direitos dos trabalhadores e construção de falsas legitimidades para pacotes de maldades. Do golpe parlamentar de 2016 para cá, alteraram-se os importantes estatutos legais do capitalismo nacional: Reforma do Ensino Médio, Reforma Trabalhista, Reforma da Previdência. Todas alterações cantadas em prosa por empresários, pela grande mídia e pelo grupo que assaltou o poder como a saída para nossos problemas.
Passados mais de 6 anos, portanto, quase meia década, o que assistimos é o inverso: desemprego aumentando, índices de pobreza amplificados e os vencedores de sempre cada vez mais ricos. Os poucos que se colocam contra esse rolo compressor enfrentam uma narrativa de violência, criminalização e, agora, como no caso da residência de Rene Munaro, agressões de fato. A agressão à residência do combativo líder sindical deve ser repudiada, investigada e os autores punidos na forma da lei. Caso contrário, confirmar-se-á a tese que nas terras de Vera Cruz estamos vivendo uma espécie de feudalismo financeiro; um período em que o território é dominado por oligarquias financeiras, trustes e capitalistas monopolistas. O capitalistas locais, esses acreditam que mandam e operam o mesmo papel que cumpriram no período colonial; uma espécie de capangas responsáveis por distribuir violência e tentar amedrontar as oposições.
Parabéns. Assino embaixo
Repúdio ao ataque a casa do René Minato , assim como minha solidariedade ao companheiro , presidente do Sintrasem.