Não sabíamos o que esperar, mas quando você passa tanto tempo em um hospital, vendo seu filho ligado a tantas máquinas e tubos, tudo o que você mais quer é que ele possa sair de lá.
Chega um momento em que você não quer saber se haverá ou não sequelas, se houver, a gente se adapta, corre atrás e dá um jeito, mas é insano não poder ter ele ao seu lado, vir pra casa e ver o berço vazio, a noite não ser acordada com o choro de fome, ver o leite secar porque seu filho não está onde deveria.
Não é natural uma mãe sair da maternidade sem seu filho, não é natural não poder segurá-lo, amamentá-lo, ampará-lo. Não é natural que as pessoas que mais tem contato com seu filho sejam as enfermeiras e os médicos.
Nada disso é natural, mas foi assim que aconteceu.
Não o carreguei no ventre pelos nove meses, não foi a mim que ele viu assim que veio ao mundo, não o ouvi chorar, sequer o peguei no colo, ele e eu travamos uma batalha imensa para ao menos sobreviver, nosso encontro só foi possível oito dias depois.
Felizmente ele não lembrará nada disso, mas eu jamais esquecerei, foi com certeza o capítulo mais difícil da minha história, e o mais importante, o que mais me ensinou o que me tornou completa.
Uma das lembranças mais vívidas é das nossas intermináveis conversas ao pé da incubadora, eu lhe contava como estava o dia, se o céu estava azul e límpido, ou se as chuvas chegaram, lhe descrevia o quanto era gostoso um banho de chuva no verão, e o quanto ele adoraria caminhar pela grama verde, no jardim de casa, contava cada um dos bichinhos de pelúcia que eu comprava para enfeitar seu quarto, quero acreditar que a cada conversa, eu alimentei nele a vontade de viver mais um dia e sair de lá, ao menos, pra mim funcionava assim.
Cada promessa, era uma forma de eu viver mais um dia lá também, e cada uma eu cumpri. Nicolas ama chuva, seja de verão ou de inverno, se a porta não estiver trancada, ele corre pra fora… e as corridas pela grama, é seu exercício preferido.
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