É chover no molhado dizer que o debate foi horrível. Com um Bolsonaro raivoso, o debate lembrou o jogo do BEC x Marcílio Dias nos anos 90. Só canelada e chute pra cima. Sendo assim, penso que no último debate da eleição, nenhum dos dois candidatos ganhou qualquer voto. Imagino que um cidadão normal, que não é consumidor de política e não acompanha o tema no dia a dia, deve ter desligado a televisão no segundo bloco.
Bolsonaro começou o debate prometendo aumento no salário mínimo, revelador que o plano vazado de desindexação da inflação pegou negativamente na sua campanha. O ex-capitão como em todos os outros debates desta eleição falou para o cercadinho. Tentou jogar com as velhas cartas de perigo de comunismo, aborto, MST e etc. Pareceu que estava com medo de perder o jogo, estava numa estratégia do tudo ou nada.
Bolsonaro também negou sua ligação com Roberto Jefferson (PTB). Mais um aliado largado no meio do caminho. Sobre o aborto, tema preferido dele, levou uma invertida de Lula que resgatou um discurso dele na câmara dos deputados defendendo pílula abortiva.
Chamou a atenção também que Bolsonaro conseguiu produzir até um direito de resposta para o Bonner. Tentando esquivar-se dos ataques de Bolsonaro, Lula tentou fazer um debate um pouco mais propositivo. Porém, parou na estratégia de retranca do ex-capitão. O embate truncado portanto beneficiou Lula. O petista lidera as pesquisas, para ele, bastava apenas empatar o embate. Penso que venceu por pontos.
No final do evento, ao serem perguntados pelos repórteres sobre a avaliação do evento, Lula disse que esperava que pudesse mostrar mais propostas para o eleitor e debater o futuro. Bolsonaro disse que estava feliz com o nível do debate. Respostas que dizem muito sobre os candidatos e suas estratégias.
O debate de hoje vai influenciar no resultado de domingo? Improvável
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