A recente prisão do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro em 2022, marca um momento crítico e delicado na história política brasileira. Braga Netto, um general de quatro estrelas, foi detido sob a acusação de interferir nas investigações sobre uma tentativa de golpe de Estado destinada a reverter o resultado das eleições de 2022.
Este episódio lança luz sobre a profundidade das investigações que agora envolvem figuras de alto escalão das Forças Armadas e do governo anterior. A Polícia Federal indiciou Bolsonaro e outras 36 pessoas, incluindo militares de alta patente, por suposta participação em planos para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Embora muitos enxerguem nessas prisões uma vitória da justiça, não há o que celebrar. A prisão de um general de quatro estrelas e candidato a vice-presidente é um fato sem precedentes na história recente do Brasil e deve ser tratada com seriedade. O devido processo legal precisa ser respeitado, sem interferências políticas, e a transparência deve prevalecer. A justiça deve ser feita, mas com equilíbrio e responsabilidade, para que não paire nenhuma dúvida sobre a imparcialidade das instituições.
A jovem democracia brasileira, conquistada após anos de ditadura militar, exige vigilância e compromisso. Desde a redemocratização em 1985, o Brasil já viu dois presidentes sofrerem impeachment — Fernando Collor de Mello em 1992 e Dilma Rousseff em 2016 — e outro, Luiz Inácio Lula da Silva, ser preso em 2018 (Estado de Minas). Agora, mais uma vez, vemos um ex-presidente e a cúpula de seu governo envolvidos em graves acusações.
Esses eventos não deveriam nos alegrar, mas nos provocar reflexão. Quando chegamos ao ponto de ter tantos líderes nacionais envolvidos em crises, prisões e escândalos, algo está profundamente errado. O Brasil precisa crescer como nação, aprender com seus erros e fortalecer suas instituições democráticas. A política não pode ser um campo de guerra. Precisamos recuperar o respeito ao diálogo político, que deve ocupar os parlamentos e as nossas vidas.
A solução para nossos problemas não está em prisões, mas em mudanças estruturais. Precisamos de líderes comprometidos com a ética, com o fortalecimento do Estado de Direito e com a democracia. O cerco se fecha, mas isso não é motivo de comemoração. É um alerta. Um país onde a justiça é acionada com tamanha frequência contra seus líderes deve, mais do que nunca, refletir sobre suas escolhas e seu futuro.
O Brasil merece mais. A nossa democracia merece ser defendida, reafirmada e respeitada. Que a justiça seja feita, mas que o aprendizado seja ainda maior.
Marco Antônio André, advogado e ativista de Direitos Humanos
Atualmente no Brasil , prendem generais e velhinhas sem direito a defesa e soltam traficantes e corruptos condenados em diversas instâncias, após julgamento e com todo direito a defesa .
Esta é a democracia da esquerda , igual a Venezuela .
Mas não a mal que dure para sempre .