Felipe Schultze
Bacharel em Direito
Fui à livraria em uma sexta-feira abafada de outono. Cheguei ao local alarmado pela falta de clientes. Ao pesquisar sobre as novidades do mundo literário, deparei-me com a nova obra do escritor polonês Slavoj Zizek, puxei meu smartphone para ler os comentários sobre a obra e fui ver o preço. O valor amargo (quase 8% de um salário mínimo) estragou-me a noite: a educação está excludente e pouco acessível para a população.
Nada está tão ruim que não possa piorar (a desesperança é a moda do momento). Ao chegar em casa deparei-me que o governo está cortando verbas no ensino superior e básico do país. 50 mil alunos serão afetados. A situação é vergonhosa e tenebrosa. A notícia é típica de países de terceiro mundo, como diz Darcy Ribeiro, a falta de verbas para a educação é um projeto de governo. Na pérsia Antiga, o imperador Cícero queria conquistar uma cidade em que ele possuía grande afinidade. A cidade era muito bonita para ser conquistada com derramamento de sangue e ele não queria descolar seu exército somente para conquistar aquele agradável território, então, ao se proclamar imperador, escreveu uma lei em que obrigava a população à frequentar prostíbulos e botecos. Um povo ignorante é necessário para servir aos governos.
Leandro Karnal explica que as ciências humanas (matérias como história e filosofia) não são populares na visão de ditadores. Tais matérias são objetos de contestação e reflexão da realidade. Governos autoritários não possuem simpatia no fato da população ser reflexiva. Assim, a luz de esperança parece ser um trem vindo em nossa direção. A educação vai continuar sendo um privilégio da elite dominante. O Brasil precisa retomar sua vida, e a educação pode ser um dos meios de retomada de crescimento, de cessão da violência e de maior democratização. É necessário levar elementos culturais reflexivos para lugares periféricos para criar agentes transformadores.
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