A sociedade catarinense enfrenta o seu maior desafio fiscal em anos. Você que está lendo este artigo com certeza será um dos afetados, e talvez nem saiba o que está ocorrendo. Considero meu dever informar: tramita na Assembleia Legislativa o projeto da reforma da Previdência estadual. E o que isso tem a ver contigo? Tudo!
Os pequenos grupos de classe já circulam pelos gabinetes, se articulando para garantir seus benefícios. Mas ninguém se preocupa em mostrar a conta para o catarinense, que financia isso tudo. Os custos da previdência estadual colocaram Santa Catarina à beira de uma catástrofe fiscal. O rombo em 2019 foi de R$ 4,2 bilhões, e com o aumento da expectativa de vida, a tendência é aumentar ainda mais. Aproximadamente 70 mil servidores inativos do estado custam mais aos nossos cofres do que todo o orçamento da educação, da saúde e da segurança dos mais de 6,7 milhões de catarinenses. Quando falta dinheiro para reformar a escola dos seus filhos, é culpa desse gasto.
Quando faltam recursos para cirurgias eletivas nos hospitais, é culpa desse gasto. O sistema previdenciário também é injusto quando comparado ao regime que cobre os trabalhadores brasileiros. Além de se aposentarem mais cedo, os inativos e pensionistas catarinenses recebem, em média, benefícios de R$6.634,95. Já o trabalhador catarinense, que paga o déficit por meio dos seus impostos, recebe em média R$1.357,06. A ‘reforminha’ proposta pelo governador é tímida. Reduz em apenas 2% o déficit anual. Está longe de ser suficiente. Por isso, a Assembleia deve assumir o protagonismo e tomar as medidas necessárias. A sociedade catarinense já demonstrou que quer maturidade e responsabilidade fiscal. É hora de honrar os mandatos confiados a nós pelos catarinenses e corrigir as distorções da nossa previdência.
Importante alerta: enquanto somos induzidos a acreditar que nosso maior problema seja a corrupção, ignoramos que o maior problema é o patrimonialismo brasileiro, isto é, a condição legal que assegura privilégios àqueles que , de inúmeras maneiras legais, e constitucionalmente respaldados, pressionam legislativos e executivos a manterem condições que lhes permitem usar o patrimônio público (produto do trabalho de toda a Sociedade produtiva) para a extensão de seus patrimônios privados.