Havia um galo vaidoso, arrogante e truculento. Habitava e comandava parte de um galinheiro, outras duas partes eram de domínio de outros galos, porém o Jairão, nome do tal galo, achava que o todo poderoso era ele e por isso costumava afrontar os demais. Debochava e maltratava galinhas e pintinhos ou quem questionasse as suas ações ou sua inação. Aos que adoeciam ele dizia: “deixem de frescura, de mimimi”
Xingava e desrespeitava a todos e à todas, Costumava exibir o seu esporão (que julgava ser o maior) ameaçadoramente. Aliás, dizia que aquilo era a sua “arminha”. Como soe acontecer, em situações como essa, alguns galináceos seguiam cegamente o Jairão.
Com o passar do tempo os outros galos, que detinham lá a sua parcela de poder, afinal viviam em galinheiro democrático, começaram a perceber que o Jairão andava se excedendo e começaram a tentar delimitar as coisas. Afinal, era voz corrente que a Democracia era uma conquista das aves.
Um belo dia (nem tão belo assim), um dos galos (conhecido por STF por que dizia conhecer tudo de leis e ordenamentos) e que morava em poleiro à parte, o chamado Judiciário, começou a confrontar o Jairão. E foram meses de empurra-empurra, de disse-que-disse, arrulhos e bravatas que tumultuavam ainda mais o ambiente nos poleiros e terreiro. Por sinal, até o milho e o carolo começou a escassear.
Jairão, crente na força do seu esporão e confiante no apoio dissimulado de dois outros galos, esses residentes no poleiro conhecido como Congresso, resolveu desafiar o STF. Dizia que o galinheiro todo estava com ele e bradava “Galinheiro acima de todos”. De fato havia naquele espaço quem pensasse igual ao Jairão. Minoria, porém barulhenta.
Numa data histórica para o galinheiro, dia em que comemoravam a independência em relação aos perus, o Jairão decidiu convocar os seus seguidores, esticar a corda e defenestrar o STF e também todos e todas que lhe faziam oposição. Pretendia até calar os fofoqueiros da imprensa galinácea.
Mas deu “zebra” e o rojão “jairista” não passou de vexaminoso traque. Daí ele percebeu que corria risco de ser confinado para engorda e levado a um espaço, conhecido por Bangu 8 ou no Carandiru (também local para galos marginais). Não só ele como também os seus pintinhos, agora já galinhos, poderiam ter o mesmo fim. Daí ele pensou, pensou e concluiu que precisava dos conhecimentos de alguém experiente e esperto. Decidiu pedir ajuda à raposa de nome Temerosa.
Foi assim que a velha raposa felpuda adentrou ao galinheiro. Em lá chegando falou professoralmente: “Jairão, não é assim que se dá um golpe. Tem que ser na maciota. Olha até escrevi uma carta para que você assine. Peça desculpas, diga que você estava nervoso e tudo ficará bem.” E esfregando as mão a raposa concluiu: “adiante a gente se fala”
Acontece que a raposa tinha experiência e ao mesmo tempo em que “assessorava” o Jairão tramava alguns trampos com seus “parsas”, um bando que se autodenominava como “manda brasa”. Afinal, trair era uma especialidade da Temerosa, tal qual o escorpião (aquele da lenda do sapo).
É evidente que ela, a raposa Temerosa e temerária, iria aproveitar a oportunidade. Ela agora estava de volta ao galinheiro e lá estavam galinhas gordinhas e suculentas.
Ah! Sim! Quanto às aves de todas as plumagens seguidores fiéis do Jairão, confusas, elas se perguntavam o que aconteceu. Será fogo no galinheiro? Coitadas, tão inocentes!
Brilhante professor!
Dispensa os desenhos!!!
Perfeito. Para que desenhar, se com palavras disseste tudo.
Valeu, agradeço os comentários. E vamos em frente confiando que não há mal que sempre dure.