O desenvolvimento local sempre foi um assunto presente nas campanhas políticas no Brasil. Afinal, quem não quer viver em condições melhores? Ao longo dos anos, as dinâmicas econômicas, sociais e políticas levaram as sociedades a buscarem melhores condições de vida, o que resultou em transformações na forma como as pessoas vivem, aumentando a qualidade de vida. No entanto, essas mudanças também trouxeram problemas, incluindo a criminalidade e a violência, tornando a segurança pública um tema amplamente debatido hoje em dia.
Afinal, o que é desenvolvimento? O desenvolvimento está mais relacionado às questões econômicas, mas, para medir o desenvolvimento, é preciso incluir outras variáveis e fazer uma abordagem holística englobando outras dimensões fundamentais para o bem-estar, como a social, a ambiental, a política e a cultural. Cabe pontuar que, para se lograr o desenvolvimento de uma região é necessário que se alcance antes o desenvolvimento econômico, o qual envolve a redução da desigualdade econômica, bem como, a melhoria da infraestrutura em termos de transporte, energia, comunicações, saneamento e segurança pública. Isso fomenta uma melhoria do ambiente de negócios, o que atrai investimentos nacionais e estrangeiros, proporcionando um aumento na geração de empregos, o que por consequência, traz um crescimento da renda na região. A partir disso ocorre, de fato, uma melhoria da qualidade de vida e da prosperidade geral da sociedade.
No entanto, antes disso tudo é fundamental que haja o crescimento econômico na forma do crescimento da produção de bens e serviços na economia. Isso se verifica por meio de um aumento do produto interno bruto (PIB), que suscita o ciclo de geração de riqueza em âmbito local e regional.
Mas nenhuma região será plenamente desenvolvida sem a segurança para que os indivíduos possam desfrutar das liberdades individuais e, dessa forma, poderem contribuir para a coletividade na formação e ampliação do capital social.
Logo, uma região desenvolvida é aquela em que as pessoas podem desfrutar das liberdades individuais, atender a seus desejos e contribuir socialmente para a formação de um capital social. Por capital social entende-se o conjunto de recursos como informações, relações sociais, oportunidades de emprego ou negócios e outros benefícios, que uma pessoa ou um grupo possui em função de suas conexões em uma comunidade.
Para que tudo isso aconteça, é crucial a presença de segurança pública na região. Assim sendo, é plausível afirmar que não existe desenvolvimento quando a segurança pública é insuficiente, enfraquecida ou mesmo despreparada.
Quando a segurança pública é eficaz, ela ajuda a construir uma comunidade mais segura e saudável, garantindo a proteção dos cidadãos, promovendo a vitalidade econômica e a confiança dos investidores. Por outro lado, quando ela é inadequada, o crime pode afugentar turistas e investidores que desejam operar na região. Além disso, os crimes têm impacto direto sobre as empresas, elevando seus custos devido ao aumento dos preços de seguros, de segurança privada e vigilância, sem contar ainda os danos às propriedades, roubo e perda de estoques.
A economista argentina Laura Jaitman, especialista em economia do crime, comenta que a escalada de crimes menores, como furtos, pode se tornar violenta produzindo mais danos físicos e psicológicos. Assim, os custos associados a roubos fatais, o medo de ser roubado e os traumas diversos causados por esses crimes são extremamente danosos para o bem-estar social de uma sociedade. Estudos de Gary Becker, economista americano ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1992, um dos pioneiros na área da economia do crime, demonstraram que indivíduos decidem se devem ou não cometer um crime levando em consideração o retorno esperado da atividade criminosa e na probabilidade de ser punido. Becker propôs que a criminalidade pode ser reduzida por meio de políticas públicas que aumentem os custos do crime, como a aplicação rigorosa das leis e a intensificação do policiamento. Ele também argumentou que investimentos em educação e capacitação profissional podem ajudar a reduzir a necessidade de se recorrer a atividades criminosas.
Em resumo, compreender a relação entre economia e crimes é fundamental para a elaboração de políticas públicas eficientes de segurança pública, permitindo identificar causas, avaliar custos e benefícios de diferentes estratégias de prevenção, de forma a promover um desenvolvimento econômico local sustentável e inclusivo.
Francis Mara Schiessl, Graduada em Ciências Biológicas, Especialista em Segurança Pública e Cidadania, Inteligência, Gestão da Informação e Estratégia e em Sociologia e Política de Segurança Pública. Mestranda em Desenvolvimento Regional (PPGDR/UNC).
Jorge Amaro Bastos Alves, Economista e Professor da Universidade do Contestado (PPGDR/UNC).
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