Em relação ao estado de Santa Catarina, sobram bons índices sociais e econômicos, que são a demonstração estatística do grau de desenvolvimento de cada sociedade. No entanto, crescer e desenvolver-se num País como o Brasil (que não é exceção) é sinônimo de punição. Temos os melhores índices de empregabilidade e educação. Também os temos na segurança pública, mas basta acompanhar as notícias e ver que o crescimento do estado vem acompanhado de crimes bárbaros. O alento é o trabalho da Polícia, mas não será o suficiente.
Uma cidade cresce, atrai trabalhadores, empreendedores, agentes cognitivos, e retém o capital humano que já tem: é a fórmula generalizada do sucesso, cujo segredo está na compreensão sobre esse capital humano – o previamente existente e o que veio depois pra somar. Cada sociedade desenvolvida tem isso, de algum modo. Fora isso, é descobrir um poço de petróleo, o que é bom no curto prazo, mas pode ser uma maldição – vide exemplos mundo a fora.
Vários são os índices que, agrupados, compõe as condições do desenvolvimento. Desenvolvimento é um conceito amplo. Mas, grosso modo, considero que os três principais índices que compõe a fotografia do desenvolvimento de uma cidade, microrregião, estado ou nação, são: Geração de empregos, Educação e Segurança Pública.
No primeiro quesito, resumidamente podemos lembrar que Santa Catarina figura em primeiro lugar no índice de desemprego, que é de 3,2%, o menor do Brasil. No primeiro mês de 2024, somente São Paulo gerou mais empregos do que Santa Catarina – e olha o tamanho de SP! Na construção civil, Santa Catarina foi, proporcionalmente, o estado que mais gerou empregos no País. No Brasil, a maior proporção de participação da indústria na composição do PIB é aqui. E por aí vai.
Na Educação, pode-se lembrar que o último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB –, o estado ficou em primeiro lugar em 2023. O IDEB mede desde o primeiro ano do fundamental até o último do ensino médio e, na média, SC ficou à frente do Ceará – que é sempre um bom exemplo -, de São Paulo e assim por diante. Nossa taxa de alfabetização também nos coloca em primeiro lugar, com 98%, na frente de RJ, SP e RS.
Em segurança Pública, precisamos analisar triangularmente: o lado bom, o lado ruim e o lado bom. Do lado bom, ainda podemos olhar para as vergonhosas taxas de homicídio no País e sabermos que a menor delas é de SC (8,7 por cem mil habitantes). O lado ruim é que crescimento vem acompanhado da violência e de crimes que nos insultam. O outro lado bom é que que, ao lado de São Paulo, a melhor Polícia do Brasil e a melhor avaliada pela população é a catarinense.
No próximo artigo desta série, mostraremos dados estatísticos a fim de corroborar nosso argumento e inquietações. São do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Instituto de Pesquisa Aplicada – IPEA e da Secretaria de Segurança Pública – SSP/SC.
Por enquanto, prezados leitores, é nossa obrigação moral e coletiva lembrar do dia 05 de abril de 2023. É preciso compaixão pelos pais e vergonha pela humilhação que um assassino de crianças nos faz passar. E, mais que a resposta da lei, é necessário questionar sobre até que ponto pune ou protege seres infeciosos à civilização. E está na hora de a civilização ocidental discutir os valores mais profundos que a trouxeram até aqui ou entregar-se vergonhosamente ao próprio ocaso.
Walter Marcos Knaesel Birkner, sociólogo
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