Já dizia o americano que “criou” o mercado de petróleo no planeta, John D. Rockefeller: “o melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo bem administrada, e o segundo melhor negócio é uma empresa de petróleo mal administrada”. Não tem jeito, esta é uma área de capital intenso, que jorra dinheiro do chão e que precisa de muita grana, todos os dias, para encontrar outras formas de aprimorar a geração de energia.
Aqui, no Brasil, em 2014, atingimos um pico na produção de derivados refinados do petróleo, com 2,17 milhões de barris/dia. No entanto, graças a uma trama política complexa, os anos seguintes foram marcados por quedas e retiradas de investimento, levando o país a afundar na produção de refino. O ano de 2023, quase uma década depois, ao que parece, foi o reinício, um respiro, com a produção voltando a crescer e atingindo cerca de 2 milhões de barris/dia. Uma ótima notícia, evidente, mas ainda insuficiente, dado que pouco mais de 25% do que consumimos precisa ser importado.
Em meio a um cenário global em transformação, onde a matriz energética inquestionavelmente precisará ser alterada, o petróleo continua a ser uma peça-chave, fundamental para a soberania de todas as nações. Nesse contexto, é imperativo que o Brasil acelere os investimentos no refino, garantindo menor volatilidade nos preços, enquanto lidera a transição energética global.
As refinarias brasileiras, datadas da década de 1970, passaram por um período de modernização e ampliação entre 2002 e 2014, com investimentos significativos, totalizando cerca de R$ 200 bilhões, ou uma média anual de R$ 14 bilhões. Entretanto, decisões pós-2014, que priorizaram a exploração do petróleo em detrimento do refino, trouxeram impactos diretos nos preços dos combustíveis, para a agroindústria e todo setor energético do país.
A iniciativa do governo Bolsonaro de fechar e vender plantas de refino e produção de fertilizantes, por exemplo, gerou uma dependência extrema de importações, afetando o desempenho financeiro da agroindústria brasileira. De 2015 a 2022, apenas R$ 6 bilhões anuais, em média, foram investidos na indústria petrolífera brasileira, menos da metade do que era despendido nos anos anteriores.
O Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) estima que são necessários ao menos R$ 120 bilhões em novos investimentos até 2035 para garantir o abastecimento nacional, o que equivale a uma média anual de R$ 9,2 bilhões. Faço questão de reiterar: a indústria do petróleo é intensiva em investimentos, e todas as grandes petrolíferas do mundo aportam cifras substanciais anualmente. Este era um dos motivos para que os lucros e dividendos da Petrobras estivessem em um nível superior ao verificado em outras empresas gigantes do setor. Os gringos escolheram investir nas operações e a brasileira optou por distribuir dinheiro para os acionistas.
Embora casos de corrupção tenham manchado o histórico, a solução não é deixar de investir. Assim como a corrupção de R$ 50 bilhões nas Lojas Americanas – o maior caso da história brasileira – não impediu novos investimentos, o temor de crimes não deve obscurecer a necessidade de impulsionar o setor de petróleo brasileiro. Se ocorrerem irregularidades, que os culpados sejam punidos, mas não podemos deixar que o medo paralise o progresso e a busca pela soberania.
John D. Rockefeller, o magnata que moldou o cenário petrolífero, afirmou que o melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo bem administrada. Por ironia, alguns se opõem à retomada dos investimentos em refino no Brasil, ignorando essa máxima. Negar a importância estratégica do refino é, no mínimo, desconsiderar as lições do passado.
Faz bem o Brasil ao encarar a realidade de frente, voltando com a política de investimento no refino de petróleo como parte essencial de sua trajetória para um futuro mais estável e autossuficiente. A dependência excessiva das importações não apenas compromete nossa segurança interna, mas também mina as bases de uma nação forte e independente. O investimento é o caminho para construirmos um país resiliente e soberano. E está certo o governo Lula em retomar as obras no complexo Abreu e Lima.
Tarciso Souza, jornalista e empresário
O melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo bem administrada, verdade…Mas no governo atual, o que é bem administrado?
Que maravilha termos um governo de verdade, nacionalista, que se preocupa com o seu povo e utiliza as riquezas do país em benefício da melhora de vida da população. Saímos das trevas para a civilidade.