A escolha de um candidato em uma eleição, a opção do voto, é uma daquelas coisas mais irracionais que você pode encontrar. Não existe nenhum processo inteligente que organize em métodos, lógicas ou fórmulas que garantam, com 100% de certeza, a conquista da confiança do eleitor e seu apoio na urna. Sobram maluquices esquisitas de marqueteiros e palpites desajustados da base de filiados dos partidos. Agora, ter a clareza dos rumos de cada desdobramento da eleição, isso ninguém pode afirmar que descobriu a mágica da multiplicação dos votos.
É muito difícil imaginar o que faz um determinado político ganhar ou perder uma disputa eleitoral. E você concordará comigo: o brasileiro já elegeu personagens folclóricas e deixou de fora mentes brilhantes que pensam a administração pública. O inverso também! Então, não dá para cravar um manual talhado em pedra. As vezes o derrotado e o vitorioso são extremamente competentes e semelhantes… tanto fisicamente, como em comportamento e realizações. Ainda assim, alguma coisa facilita a vida de um e destrói o sonho do outro.
Por muito tempo trabalhei para diversos políticos, dos mais variados partidos, que possuíam distintas opiniões e ações. Já fiz parte de campanhas – e não é exagero dizer isso – para todos os cargos da república. A minha mensagem, nas oportunidades que tive, é a mesma: eleição é percepção. Aquela sutileza de compreender mais rápido que os adversários sobre as vontades coletivas das ruas e ajustar a mensagem que pretende-se passar para o público.
Afinal, a política de maneira geral é movida por interesses. Por favor, deixe-me corrigir: nós todos só saímos da cama a cada manhã por alguma motivação. Seja o dinheiro, a vontade de fazer algo diferente dos exemplos que cercam, ou uma missão samaritana de doar-se para uma causa. Cada um tem um porquê. E está tudo certo! Acontece que para os candidatos é como ligar uma TV que está sem sinal, fora do ar, e tentar ajustar delicadamente a sintonia, buscando reduzir os ruídos e tornando tudo mais claro, simples e resolutivo no dia-a-dia da população.
Como nós somos seres em constante mudança, a história de cada eleição tende a ser diferente da que ficou para os livros. Dizem os manuais de ciência política que, quanto mais bem sucedido é o mandato de um governante, cresce a expectativa para realizações de segunda grandeza, como investimento em embelezamento da cidade, por exemplo. E, sempre que falta o básico: saúde, educação e renda para as famílias; a tensão política costuma afetar o bom relacionamento interno de uma vila, de um povo.
Logo, a realidade, a BR não duplicada, a falta de recursos para educação e, principalmente, a sensação que a vida piorou ou melhorou é o principal fator, é o que toca o coração do cidadão na hora de depositar seu voto na urna eletrônica. As pessoas querem saber o que para elas mudou ou mudará. O resto é um monte de papo furado, todos os planos e discursos, são apenas flores para decorar o cenário. Confie em mim, não existe benefício melhor para oferecer ao eleitor que o remédio certo na dosagem correta!
É por isso, que quando converso com as pessoas sobre a eleição que está chegando no Brasil, meu argumento é um só: estes quatro anos foram bons para você? É sim ou não! E, a partir dai, tudo fica mais fácil para tomar a sua decisão.
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