Existe alguns tipos de bolsonaristas.
O raiz, aquele tem o ex-presidente como mito, que tem resposta pronta para todos escândalos envolvendo o clã Bolsonaro. Nenhuma denuncia cola em seu ídolo de barro.
Os pragmáticos, que percebem a densidade eleitoral de Jair Bolsonaro e surfaram na onda dele, assumindo por conveniência o vazio discurso de Deus, Pátria e Família.
Tem ainda os que enxergaram no deputado federal de sete obscuros mandatos como a única alternativa de tirar o PT do Governo Federal, mas logo perceberam o grau da irresponsabilidade que fizeram com o país e pularam do barco do capitão.
E tem os maus intencionados mesmos, que estão dentro dos perfis acima também.
Escrevo isso para analisar o silêncio da barulhenta maioria bolsonarista nas redes sociais. E Santa Catarina é um bom retrato do tamanho do impacto da recente operação da Polícia Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e quem orbitava no seu entorno.
Entre os pragmáticos e os desiludidos, quase nenhuma manifestação. Numa entrevista, em Joinville, o governador Jorginho Mello (PL), aliado de ponta de Bolsonaro, respondeu em duas frases que era notícia requentada e que a Polícia Federal tinha “mais coisas para fazer” e não esticou conversa.
Os prefeitos da região e pré-candidatos para as eleições do ano que vem de Blumenau e arredores não entraram nesta dividida. Assim como vereadores e outras lideranças.
Todo mundo ressabiado, afinal os indícios que autorizaram a operação são eloquentes e provavelmente confirmarão uma tendência no STF, de entender que houve uma tentativa – muito amadora, diga-se de passagem – de orquestrar um golpe, em diferentes oportunidades, que começaram por desacreditar as urnas eletrônicas ainda antes das eleições passadas e culminaram com o 8 de janeiro de 2023.
E que Jair Bolsonaro está no centro desta orquestração rocambolesca. O que se percebia, apareceu em forma de “indícios”, que devem virar provas a serem julgadas pelo Supremo.
Me parece claro que Bolsonaro deve ser preso, é uma questão de tempo. Além da gravidade deste caso, tem ainda o caso das joias, ABIN paralela, falsificação do atestado de vacina e por ai vai.
Então me parece que a turma pretende acompanhar o processo da planície, para ver o que o “Xandão” e a PF farão com seu mito, avaliar a consistência das provas e a repercussão entre o eleitorado.
Já os “bolsonaristas raiz”, esses morrerão abraçados no capitão, mas terão uma sobrevida política nos próximos pleitos.
Por Alexandre Gonçalves, jornalista responsável pelo Informe Blumenau.
PS: Desde que pensei em escrever este texto, me veio na cabeça para a manchete o título de um filme da década de 1990, que se tornou um clássico do cinema de suspense, “O Silêncio dos Inocentes”, com atuação magistral de Jodie Foster e Anthony Hopkins. Fiz uma pequena adaptação.
Sr. Alexandre Moraes, digo Gonçalves.
Ri melhor quem ri por último!!!!!
Alexandre: só que a eleição é este ano e não ano que vem. Pra Mim, esse bem observado silêncio dos “inocentes” de um lado é igual ao silêncio dos “inocentes” do outro lado com tudo que que seu ídolo já aprontou, embora não tenha a menor intenção de demonizar um ou outro. E, pra falar a verdade, me incomoda mais é o barulho desses “inocentes” nas duas extremidades, certificando a lei da ferradura e dificultando a difusão da inteligência e da honestidade que virou espuma neste País.
PS: Quanto ao silêncio dos carneiros e as atuações dos protagonistas do filme: um clássico que deveria se tornar uma série interminável com os mesmos atores.