Opinião: Olavo – ascensão e queda de um dos ideólogos da direita bolsonarista

O falecimento do guru do bolsonarismo, nesta semana, provocou um tsunami de memes e discussões acaloradas nas redes sociais. Porém, sua ascensão e desaparecimento falam muito mais da sociedade brasileira contemporânea do que da conturbada biografia do astrólogo da Virginia.

Olavo de Carvalho surge no cenário nacional no final dos anos 60, como astrólogo. Em 70, faz parte de Partido Comunista, em 80 torna-se mulçumano e na década de 90 dá um cavalo de pau e passa a colaborar na imprensa como articulista, ocupando espaços em veículos importantes e passando a defender ideias de direita e anticomunistas. Com a internet, torna-se um importante influencer, sobretudo de movimentos de extrema direita, criando seu rebanho e sua bolha.

Olavo de Carvalho nunca foi professor ou filósofo. Na academia, nunca foi levado a sério. Apropriou-se desses títulos, tal como neopentecostais charlatões que se intitulam pastores e bispos. No mundo olavista, a sociedade está em decadência e necessita ser salva dos infiéis. Uma espécie de guerra santa onde é preciso purificar a sociedade dos valores modernos: Democracia, Liberdade, Ciência, Laicidade do Estado e Direitos Humanos fazem parte da degradação. Não por acaso, o guru era antivacina, anticiência, chegando a questionar Newton e a lei da gravidade. Nesse mundo de “deus acima de tudo”, cada aluno seu vira um cruzadista. Lembram do empresário catarinense que aparecia fantasiado de empresário cruzado?

Olavo de Carvalho era a encarnação de tudo o que é antimoderno. E é preciso dizer isso, nem que seja por humor dos memes que invadiram nossas redes sociais. Nunca foi intelectual e só é levado a sério num país com tão baixa formação acadêmica como o Brasil. Olavo liderou os ataques às universidades e à ciência, pregava a intolerância religiosa, que o cristianismo era superior as outras crenças. Machista, misógino e homofóbico, fez tudo com a benevolência da imprensa e das editoras que lucravam com suas insanidades.

No início do governo Bozo, eu perdi tempo e assisti uma “aula” dele. Um episódio de insanidade, uma espécie de transe da ignorância. Não vamos esquecer os estragos feitos no Ministério da Educação, no qual nomeou os três ministros da pasta, um pior que o outro. No Ministério do Meio Ambiente indicou Ricardo Salles e, no Itamaraty, Ernesto Araújo, declaradamente aluno dele, cujas ações nos levaram ao isolamento diplomático.

Olavo morreu de COVID, mesma doença que afirmou não existir, negando a vacina e a ciência. Morreu no final desse governo horrível, que deve acabar ainda este ano. Lamento apenas que enquanto a educação pública e a ciência não se democratizarem estaremos expostos ao pensamento deste e de novos charlatões.

3 Comentário

  1. “Aparentemente, não tenho alunos nem leitores: tenho seguidores, devotos, fiéis, militantes e cultores idolátricos. Todos iletrados e de baixíssimo QI. Ninguém discute as minhas idéias nem me cobra explicações. Ninguém ousa sequer fazer perguntas. Todo mundo recorta o que eu escrevo, gruda na parede, decora e recita antes de dormir para ver se ganha na loteria.”
    Olavo de Carvalho

    Morte terrivelmente pedagógica diria aquele outro picareta.

  2. A pergunta primordial é… Qual diploma o Aristóteles, Platão ou Sócrates possuíam? E mais quem possue um legado na cultura, o Josué ou o Olavo? Kkkkkkk é muita inveja hein

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