É incrível o quanto aprendemos quando nos dispomos a ouvir.
Entre uma roda de conversa e outra com os autistas, mais e mais descobertas.
Outro dia, num grupo de uma rede social, de autistas adultos, alguém abordou um tema que me assolou por muito tempo:
As festividades de fim de ano.
Como mãe de dois Autistas, era difícil pra mim, encarar as festas de família.
Barulho, muita gente, a ausência de rotina, e mesmo as decorações.
Tudo isso era motivo para um gatilho.
E novamente, uma crise.
Naquele dia, vendo o quanto isso realmente os afeta, percebo o quanto nos falta ainda de empatia.
O quanto ainda insistimos em atividades que na teoria deveriam unir, mas que causam desconforto, apenas para suprir nossa vaidade e ter a foto de família de comercial de margarina.
O quanto ainda estamos longe de conseguir a tão sonhada inclusão, porque ela precisa acontecer primeiro dentro de casa.
E eu não estou aqui dizendo que pais atípicos não devam celebrar as festas de fim de ano, pelo contrário!
Mas elas devem acontecer de forma a incluir mesmo o filho atípico, ouvindo e respeitando ele.
E se no meio da festa ele resolver que precisa de paz e silêncio, que essa necessidade seja acolhida.
É novamente sobre escutar e acolher.
Sobre não colocar nos outros as nossas expectativas.
Porque ninguém merece viver para atender as expectativas de outrem.
Que esse ano, durante as muitas festas e encerramentos que vierem, possamos ouvir, acolher e amar a cada um, com todo o carinho e cuidado para que juntos possamos fazer realmente um feliz ano novo.
Muito bom! Nunca tinha pensado sob essa perspectiva! Expô-los a essas festas, com tantos estímulos, só por “tradição”, mas sem preocupação com a inclusão e verdadeira participação dos nossos neurodivergentes. Obrigada por nos trazer essa reflexão, Si!