Opinião | Referência para a reinvenção de SC

Imagem: divulgação


A missão técnica à Emília-Romanha, entre 6 e 10 de junho, foi marcada por algumas importantes descobertas, algumas confirmações do que já se imaginava e algumas surpresas.

Um dos motivos para a viagem foi a evolução de diversos setores industriais ao longo dos últimos anos, compondo uma economia extremamente diversificada e competitiva naquela região, no Norte da Itália. De fato, a visita às principais cidades da Emília-Romanha, cuja capital é Bolonha (mas que também conta com importantes atividades industriais em Módena e Parma, entre outras) revelou uma intensa e pujante atividade industrial.

A Itália possui um PIB per capita quatro vezes maior que o do Brasil, uma participação da indústria no PIB bem acima da média e uma taxa de exportação em relação ao PIB duas vezes maior que a brasileira, além de uma taxa de exportação per capita quase doze vezes a do Brasil. A região da Emília-Romanha mantém um PIB per capita quatro vezes maior que o de Santa Catarina, mas se destaca ainda mais na taxa de exportação em relação ao PIB (mais de dez vezes a catarinense) e na exportação per capita (quase 20 vezes a de Santa Catarina). Apesar de SC ter uma das maiores taxas de participação da indústria no PIB (26%), a Emília-Romanha atinge 34%. Trata-se, portanto, de uma região com resultados excepcionais quando se fala de desenvolvimento e força da indústria.

Sentimos as inúmeras semelhanças culturais e políticas, até pelas influências de colonização e vínculos entre os países, que apresentam uma informalidade no trato, uma certa “leveza na condução do trabalho”, que se distingue dos países anglo-germânicos. Quando se avalia os números citados acima, constata-se que, apesar de Santa Catarina e da Emília-Romanha possuírem realidades e culturas muito semelhantes, têm resultados e estrutura/infraestrutura muito diferentes, o que reforça a necessidade e a importância de um esforço estruturado e consistente de nosso estado na direção de um novo patamar de desenvolvimento.

Neste sentido, a missão foi particularmente relevante para o programa Reinventa-SC, por confirmar que temos diversos tipos de países com realidades e resultados diversos em relação ao Brasil: 1) há países que possuem realidade e resultados muito superiores ao Brasil há décadas ou até séculos, tais como Alemanha, Japão, Holanda e EUA; 2) em alguns países tínhamos uma realidade semelhante que se tornou diferente mais recentemente, com resultados ainda mais diferentes, como Israel, Coréia do Sul, Singapura, Irlanda e China; 3) em outros países a situação é semelhante e os resultados também, tais como Colômbia, Argentina, México, Egito e Turquia.

Entretanto, existem alguns países, como Itália, Portugal, Irlanda e Polônia, em que há muitas semelhanças na cultura e na realidade sócio-política, mas os resultados são bem diferentes. Tudo isso nos inspira a acreditar que é possível dar um salto no PIB per capita, no valor produzido, na taxa de exportação, na participação industrial no PIB, enfim na competitividade da indústria e na qualidade de vida da população.

De outro lado, Santa Catarina e o Brasil possuem diferenciais importantes, que também ficaram nítidos na missão técnica. A nossa matriz energética limpa e com custos inferiores é um exemplo disso, pois os preços dos combustíveis e as dificuldades geradas pela guerra com a Ucrânia no âmbito da segurança do fornecimento de energia e grãos à Europa chamaram muito a nossa atenção. Nossas vantagens comparativas na produção de alimentos com qualidade e preços extremamente competitivos são uma grande oportunidade, especialmente por meio da agregação de valor, industrializando mais a produção agropecuária. Isso se aplica também a outros setores.

Em outras palavras, identificamos e comprovamos o grande potencial para agregar valor e ampliar a competitividade nos setores de alimentos, madeira, móveis, máquinas e tecnologia. Essa interação está apenas começando. A feira MECSPE, em Bolonha, só comprovou este fato, apresentando uma infinidade de equipamentos e soluções em indústria 4.0, manufatura aditiva, realidade virtual, inteligência artificial e inovação aberta.

Resumindo, esta próspera e empreendedora região da Itália está bem à frente de SC em termos de resultados mas, ao mesmo tempo, confirma uma perspectiva real de se promover um salto de desenvolvimento como o proposto pela FIESC, por meio do programa Reinventa-SC, já que, mesmo com todo um conjunto de indústrias tradicionalmente fortes, modernas e sofisticados, a cultura de empreendedorismo, trabalho e gestão de processos e da inovação são muito semelhantes, o que só confirma o mote do Reinventa-SC: “o impossível não existe”.

A Emília-Romanha confirma que, com um pouco mais de planejamento, comprometimento, articulação entre os atores e muito afinco, tudo pode se tornar possível em nosso estado, que tem uma trajetória diferenciada e um enorme potencial para fazer ainda mais e melhor.

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