O recém-comemorado Dia Internacional da Mulher, usualmente uma data de respeito, orgulho e otimismo frente à árdua busca das mulheres pela igualdade, teve dois momentos distintos. O primeiro, até às 15h, quando decorria da maneira usual, com muitas homenagens e reflexões acerca de um mundo ainda machista, que não oferece às mulheres oportunidades e papeis iguais. A partir das 15h, com a divulgação de uma notícia bombástica, o país parou.
O ministro Edson Fachin do STF anulou todas as condenações do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva pela justiça federal no Paraná relacionadas a Lava Jato, uma operação que desbaratou verdadeiras quadrilhas atuando no Brasil e internacionalmente. Ela mobilizou o Ministério Público, Polícia e Justiça Federal como nenhuma outra, seja no Brasil ou no mundo, desvendado esquemas de corrupção de dimensões inimagináveis. Essa operação recebia um golpe mortal.
De uma hora para outra, homenagens às mulheres ficaram em segundo plano, dando lugar a manifestações de amor e ódio aos dois políticos que passam a ocupar as atenções do Brasil: o presidente Jair Bolsonaro e Lula. É o pior quadro que poderia surgir neste momento. Com mais de 260 mil brasileiros mortos pela Covid-19, número que ainda irá aumentar consideravelmente, a volta do petista à disputa eleitoral, levando a uma repetição das eleições de 2018, está tornando o céu cada vez mais carregado.
É uma disputa que não vai admitir uma terceira via, um duelo que vai deixar o combate à Covid-19 em segundo plano e vai levar nosso Brasil à catástrofe. Boa parte da responsabilidade, é preciso dizer, é nossa. Fomos tirando o corpo fora e querendo que o tempo se encarregasse de arrumar os erros cometidos. O resultado é fruto de anos e anos de omissão e de decisões tomadas ao sabor do momento, dos interesses pessoais, imediatistas.
Esquecemos que existe o interesse coletivo, e que é preciso agir como indivíduo, mas pensando no todo, no bem de uma coletividade. A classe empresarial precisa analisar seu papel nesse estado de coisas. Preferimos nos concentrar nas benesses que poderíamos receber de um governo que está deixando muito a desejar. Os bons exemplos que temos entre as grandes lideranças corporativas, infelizmente, são pouco mais do que exceções que confirmam a regra.
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