Opinião | Santa Catarina: Desenvolvimento Industrial e Obstáculos Infraestruturais

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A força da indústria catarinense tem sido um dos principais impulsionadores do desenvolvimento socioeconômico do estado. Santa Catarina, conhecida por sua beleza natural e povo empreendedor, possui um parque industrial robusto e diversificado que desempenha um papel fundamental na geração de empregos, aumento da produtividade e melhoria dos indicadores sociais.

Um dos elementos que contribuem para o sucesso da indústria catarinense é a sua distribuição geográfica. Ao contrário de outros estados da região Sul do Brasil, onde as grandes empresas tendem a concentrar-se nas capitais e regiões metropolitanas, em Santa Catarina cerca de 82% das empresas estão localizadas no interior do estado. Esse adensamento setorial, conhecido como cluster, promove a concentração de empresas relacionadas em um mesmo setor, facilitando o acesso a insumos e serviços e promovendo a inovação e a colaboração entre as empresas.

A logística também desempenha um papel fundamental no sucesso da indústria catarinense. A facilidade de acesso a portos e aeroportos contribui para a eficiência operacional das empresas, permitindo uma maior agilidade na importação e exportação de produtos. A infraestrutura logística bem desenvolvida é essencial para a competitividade do setor industrial e para a atração de investimentos.

Outro fator que impulsiona a indústria catarinense é o ambiente de negócios favorável criado por incentivos fiscais, boas relações trabalhistas e instituições funcionais. A colaboração entre o setor público e privado é essencial para garantir um ambiente propício ao investimento e ao crescimento sustentável. A indústria de transformação responde por uma parcela significativa do Produto Interno Bruto (PIB) catarinense (27,5%), contribuindo fortemente para o desenvolvimento econômico do estado.

O parque industrial de Santa Catarina, é o quinto maior polo industrial do Brasil, respondendo por 34,5% da força de trabalho do estado. A indústria catarinense abrange uma cadeia produtiva variada e inovadora, que se integra de forma eficaz com os segmentos agropecuário, comercial e de serviços, promovendo o avanço econômico sustentável.

No entanto, problemas de infraestrutura, como a má qualidade das rodovias e a demora na entrega de produtos devido a deficiências na logística, impactam negativamente na competitividade das empresas e no bem-estar dos cidadãos. 

Alguns dados alarmantes no estado indicam que 72% das rodovias catarinenses estão em condições péssima, ruim ou regular, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT). Outro é que cada centavo de redução de custos logísticos internos das indústrias representa uma economia de 1% do PIB catarinense. Em 2022, esta economia teria sido de R$ 4,5 bilhões, segundo a Secretaria de Estado da Indústria, do Comércio e do Serviço (Sicos). 

Essa estimativa destaca o potencial impacto econômico da redução dos custos logísticos internos das indústrias. Economias nessas despesas não apenas aumentam a lucratividade das empresas, mas também beneficiam a economia do estado como um todo. Os recursos economizados podem ser direcionados para áreas como expansão, inovação ou redução de preços, impulsionando o crescimento econômico e a competitividade das empresas locais.

Muitas dessas obras são responsabilidade das três instâncias de governo, o que nossa faz lembrar uma frase do economista Milton Friedman, um dos mais influentes economistas do século XX, fundador da Escola de Chicago, uma escola de pensamento econômico que defende o livre mercado. “Existem limites severos para o bem que o governo pode fazer pela economia, mas quase não há limites para os danos que pode causar”.

Em suma, a força da indústria catarinense é um pilar fundamental do desenvolvimento de Santa Catarina. Seu crescimento contínuo e sustentável depende não apenas da visão empreendedora dos empresários locais, mas também do apoio do governo na criação de um ambiente propício aos negócios e na resolução dos desafios infraestruturais que ainda persistem. 

Apesar disso, a indústria catarinense continuará a desempenhar um papel-chave na economia do estado e na melhoria da qualidade de vida de seus cidadãos.

Jorge Amaro Bastos Alves, economista

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