É natural que pequenas porções de território ofereçam uma influência menor, de menos potência que outros locais que reúnem mais alternativas de poder. Os grandes centros populacionais, naturalmente, fazem brotar idéias, projetos, facilitam o encontro de um punhado de gente interessada no mesmo tema. Porém, em alguns períodos, é possível que um ou outro indivíduo encontre o destaque partindo de um longínquo e minúsculo rincão. Não é a regra, nem acontece com frequência, mas o aleatório entrega boas surpresas com o tempo.
Santa Catarina é um dos menores Estados do Brasil. O que não impediu que nomes importantes para a política do país partissem daqui para ganhar relevância e projeção. Antonieta de Barros, a primeira mulher negra eleita, uma das heroínas da pátria, foi uma. Nereu Ramos chegou ao cargo máximo da República por míseros 21 dias. Foi pouco, mas o única oportunidade de um catarinense na Presidência. Vivemos, no passado, um momento que Luiz Henrique e Jorge Bornhausen lideravam os debates mais importantes, ideologicamente em lados opostos, regionalmente no mesmo barco. Ideli Salvatti, possivelmente, foi a última representante com visibilidade nacional.
Hoje, ao que parece, os políticos do Estado tomaram gosto pela discrição. Poucos são os temas que um catarinense recebe importância. Baixo é o volume da voz daqueles que calam por nós. Entre os poucos que conseguem espaço para falar estão todos os que a maior parte dos catarinenses resistem em ouvir.
Sem contar as ações que envergonham, como de um Deputado flagrado assistindo pornografia no parlamento, falta uma liderança que conquiste espaço, imponha alinhamento de idéias. Nestes dias, na era da lacração desvairada, existem aqueles que preferem entrar para história de um jeito muito esquisito, com os pensamentos mais desconectados do que parece ser o futuro da humanidade, lutando pelo atraso, contra a dignidade do mais fracos.
Estamos passando por um tempo estranho para política de Santa Catarina. O Estado não possuí um grande projeto que ofereça destaque frente aos demais. O governo, mesmo patinando para escalar o time de secretários, conta com uma oposição tímida, silenciosa e que não oferece um contraponto necessário para aprimorar. E, em Brasília, os catarinenses ganham destaque apenas com o espanto de posições fora do eixo racional.
Irrelevante ou irreverente? Como serão lembrados, daqui a muitas décadas, os agentes políticos que hoje fazem da vida profissional a representação de Santa Catarina?
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