Opinião: sobre os trampos, os trunfos e os Trump

 Por Aroldo Berhardt – Professor

Tempos hilários para alguns, tristes para outros e gloriosos para poucos, esses que estamos “atravessando”. Aliás, travessia é o termo adequado para a jornada que estamos experimentando, rumo à dias melhores. Isso porque esperança a gente não perde, afinal não há mal que sempre dure.

Tempos que nos dividem como no enredo do filme “O menino de Pijama Listrado”. A película (ainda vale esse termo?) aborda uma fábula sobre amizade em tempos de guerra e sobre o que acontece quando a inocência é colocada diante de um monstro terrível e inimaginável. Dois garotos travam amizade embora separados por uma cerca (até lembra o tapume que separou o Bolsonaro do povo lá na Bahia). Um é filho do comandante de um campo de concentração nazista e outro é um garoto, filho de judeus, prisioneiro de guerra.

O celuloide (persiste como sinônimo de filme?) tem tudo a ver com os dias de hoje. Estamos separados, muitas vezes amigos e até parentes por divergência política. Somos um povo dividido entre petralhas ou esquerdopatas de um lado e coxinhas ou bolsominions de outro. E na imensa maioria dos casos sequer entendemos o que está por trás. Que guerra é essa na qual fomos lançados? Que katsu (emoção impossível de expressar com palavras) é esse?
Mas, criativos e bem humorados que somos (nem sempre e nem todos, como a gente vê nas redes) fazemos brotar charges, trocadilhos e pilhérias de todo lado e ninguém com alguma notoriedade, prestígio ou cargo está livre delas. Assim tem hackeador/vazador, hackeado e vazado; tem acusador, acusado e juiz tentando não ser julgado.
Sequer os vetustos e veneráveis Ministro do STF e outras autoridades escapam das chalaças. Li, em algum lugar, outro dia: têm dias bons, têm dias ruins e, pior, têm dias Toffolli e Fux you and in USA we Trump! Trocadilho sem significado mas com muita significância.

E por falar em significado, a palavra (e o nome) Trump quer dizer trunfo. Trunfo de quem? Quem triunfa com esse trunfo? Acho que só aqueles que tem acesso às trufas (ou ganaches). Isso lá, porque, segundo a nossa “Sinistra” da Agricultura, aqui o povo não passa fome porque temos muita manga. Fala sério! Isso nem o Manga (antigo goleiro da seleção) teria condição de defender. Provavelmente jogaria para escanteio.

Bem, já falei do Trump, de trunfos, ah! Sim faltam os trampos. Pois é, trampo tanto pode significar trabalho ou serviço que se executa para sobreviver, como pode dizer respeito a armadilha, ardil, trapaça (segundo o Aurélio). Ambos os sentidos tem tudo a ver com o Brasil de hoje.

Então, vamos lá. Segundo o IBGE 43% dos brasileiros trabalham na informalidade, ou seja não morrem de fome porque acharam um trampo. Haja trampo e criatividade para tanta gente.

E, quanto ao trampo que é trampolim para as mágicas, mutretas e arteirices, os tempos atuais são pródigos. Daí, entre os prodigiosos que estão acima da lei (cito nomes? Melhor não. Afinal prudência e caldo de galinha só fazem bem), vou ficar somente com as “espertezas” do Capitão Presidente.

Olhem só. Ao divulgarem dados, números e informações que desagradaram ao titular do Planalto (será que o “reserva” está gostando do que vê?) alguns dos nossos institutos foram severamente desmentidos, repreendidos e parece que se não comportarem serão defenestrados. É o caso do INPE que não deve mais falar em desmatamento, do IBGE que não pode mais divulgar dados sobre desemprego, da Fiocruz que não pode mais divulgar estudos sobre drogas e até da Ancine que não pode mais financiar filmes (películas?) que não sejam do agrado do Capitão Chefe. É isso aí!

Antes de encerrar, lembrei da Milene aquela loirinha conhecida como “rainha das embaixadas”. Acho que vai perder o título para o filho 003.

Alguém não gostou? Que vá reclamar para a Dodge, a PGR que virou “fusquinha”!

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*