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Entre tantos problemas que a vida moderna impõe, como a poluição que escapa fumando dos carros que lotam as ruas das cidades, a falta de civilidade dentro e fora das telas parecem dominar o momento. Se desligar, puxando de uma única vez, a tomada da internet e redes, certamente um punhado de humanos sairiam por aí, vagueando, feitos zumbis, sem força ou pensamento, perdidos, sem o mapa do básico, da educação.

A tecnologia, inegavelmente, empurra a sociedade para o alto com uma mão. Cresceram as possibilidades, diminuíram as distâncias. O peso, do outro lado, é o que arrasta a cara, a dignidade, na lama, no asfalto. Parece, muitas vezes, que o desejo é anular o benefício, massacrar o desconhecido e gerar o caos.

Um Zé Ninguém, incapaz de cuidar de uma planta, escondido no hipotético anonimato, assume a coragem de destilar ódio, buscando impor medo e desconfiança nos diferentes. Pessoas que precisam de acolhimento, tratamento e disciplina médica, recebem nas telas uma ampla, livre e criminosa acolhida que estimula o pior.

Sem regulamentação, com toda a estrutura de rede obscura, os brasileiros vivem, em bolhas, sem compreender todos os riscos que as grandes empresas do setor representam, ocultam e emulam em seus serviços. Precisamos ampliar as punições, modernizando a relação, construindo enquadramentos jurídicos mais apropriados e, principalmente, oferecendo novas frentes para o desenvolvimento da comunicação.

O projeto de lei das fake news (PL 2630/ 2020) está longe da perfeição. Comparando com as legislações discutidas em outros países, como Alemanha, Austrália, Inglaterra, a proposta é bastante benevolente com os webcriminosos e plataformas. Poderia e deveria ir mais fundo, restringindo ainda mais o poder de influência que empresas estrangeiras exercem na soberania do país.

Lembra da lei dos genéricos, com patentes de remédios sofrendo a quebra para beneficiar toda a população? Foi, possivelmente, um dos maiores avanços na área de saúde do Brasil. Lá, em 1999, a coragem necessária para enfrentar uma indústria inteira causou polêmica. Desde então o mercado evoluiu, laboratórios fortaleceram suas receitas e o Estado conseguiu garantir acesso mais barato aos fármacos.

Hoje a política brasileira precisa romper, novamente, algumas travas que monopolizam, diminuem um mercado, adoecem o povo. Que a inevitável regulamentação do mundo virtual seja o início de uma visita aos princípios capazes de por fim a manipulações e falta de transparência neste ambiente. E, que principalmente, possamos voltar para racionalidade, paz e diálogos humanos, reais.

Tarciso Souza, jornalista e empresário.

1 Comentário

  1. Sr.Tarciso.
    Tens razão que está longe do ideal, mas se aprovada como se apresenta, vai ser uma mordaça pois, está cheia da ideologia do seu propositante.
    Beneficia só um lado.
    É muito desproporcional.

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