Encaremos a coisa atual na sua expressão mais corriqueira – o uso de máscara e a manutenção do distanciamento social como cuidados elementares para evitar a propagação do vírus. Trata-se de cuidados mundialmente recomendados. Mas há quem desafie diuturnamente essas recomendações.
Tenho matutado bastante sobre as razões ou motivações que levam autoridades e pessoas que aparentam algum nível de racionalidade a desafiarem essas providências. Há quem diga que isso é simples “negacionismo”, termo que até há pouco sequer era usado. Mas que seja, enfim, também cabe perguntar dos porquês dessas atitudes?
Daí lembrei de uma teoria filosófica segundo a qual nada existe fora do pensamento individual, sendo a percepção (das coisas e/ou das pessoas) uma impressão sem existência real denominada de solipsismo. Vou tentar clarear um pouco. Kant dizia que se essa teoria tinha por base o egoísmo que situa no sujeito a fonte de todas as normas morais, de tal modo que as apetências (desejo, apetite) do sujeito não aceitem outras normas fora dele mesmo. É mais uma tendência prática que uma teoria, pois não encontra princípios apoiadores sem contradição.
Então é assim: o sujeito, mesmo sem nada que sustente a sua negação, acredita no que quer acreditar e força essa percepção com veemência, induzindo outros a pensarem e agirem em conformidade. Muitas vezes esse egoísmo exacerbado leva a absoluta falta de empatia, o que vem a caracterizar a psicopatia.
Os solipsistas ou negacionistas, se assim o preferirem, acreditam e pregam em coisas que a maioria (o bom senso ou até mesmo a ciência negam). Acham, por exemplo que a Terra é plana. Há quem cujo delírio, próximo à esquizofrenia, leva a afirmar que viu Jesus numa goiabeira.
Daí enquanto autoridades mundo afora e entidades como a OMS ou até mesmo, mais recentemente, depois do Pazuello, o nosso Ministério da Saúde vêm recomendando máscara e distanciamento social para o adequado enfrentamento ao renitente e avassalador vírus Covid-19, o presidente da República Federativa do Brasil, alguns dos seus ministros e seguidores mais ferrenhos fazem exatamente o contrário.
Desafiam até preceitos e determinações oficiais. Bolsonaro, aliás, chegou até a ser multado por se negar a usar máscara (preceito obrigatório em todo o território nacional). Convenhamos isso é atitude de um presidente da República?
Mas infelizmente há muito mais. Os desatinos bolsonaristas são ainda mais amplos. Desafiam abertamente a Constituição, os poderes constituídos, a oposição e a mídia. Prejudicam a imagem do país no exterior, ofendendo e afrontando países parceiros e todos e todas que se posicionem contra a suas atitudes solipsistas.
Comecei esta peroração com dúvidas e elas permanecem. Não sei como entender o Bolsonaro. Ele é adepto do solipsismo (acho que sequer sabe o que é isso), é negacionista desafiador ou é puramente um psicopata que precisa ser urgentemente interditado?
Caro Professor , para quem entende e defende Lula , Dilma, Palocci e o resto da quadrilha, deve ser muito difícil entender Bolsonaro .
Parabéns pelo artigo professor. Como sempre muito assertivo. A cegueira da ignorância se combate com a socialização do conhecimento. Continues com essa sanha de levar a luz as trevas.
Parabéns professor ! O Sr sempre muito esclarecedor nas suas análise. Diferente dos Bolsonarista que já estão lhe fazendo o contra ponto com o mesmo discurso. E o Lula? E a Dilma? PT ladrão, Lula ladrão. Até pq não entenderam nada do que o Sr comentou.
Perfeito, tenho a mesma dúvida sobre como caracterizar Bolsonaro, mas em todas as possíveis opções é certo qye não tem postura de presidente e nem deveria estar mais ocupando o cargo. E para aqueles minions que acham que odiar Bolsonaro significa apoiar Lula e sua corja, vão mugir besteira em outro lugar.
Nunca defendi o Palocci. Sou coerente com as minhas ideias. Quanto ao Bolsonaro não tenho dúvida – ele é psicopata.
Outra definição de “negacionista”: aquele que nega que o sapobarbudo excremento é ladrão.
A definição de “puxasaquista” é: todo aquele que defende o aroldozinho idiota!