Eleições não são sobre propostas, certo e errado ou ideias que podem mudar a vila, o Estado, o Brasil. Uma disputa eleitoral, e desafio quem aponte outro caminho, diz mais sobre a popularidade, ego dos candidatos, a simpatia dos nomes apresentados para a escolha da sociedade. Esta cultura é péssima para o país, afasta as boas iniciativas e diminui o espaço para evolução das profundas discussões necessárias. A pátria perde, perdemos nós!
Nos próximos dias começam os programas de rádio e TV. Embora os meios tenham perdido em importância após a difusão da internet, permanecem como ferramentas fortes na construção de discurso e inserção nos cantos mais distantes. “Vocês vão ver um desfile de fotografias com números, como se os candidatos fossem criminosos”, já dizia, nos idos de 1976, um inspirado frasista e Deputado Constituinte, Ulysses Guimarães.
É utopia pensar que, no encontro com a urna eletrônica, a grande massa selecionará o mais preparado e competente para a função. O voto é a confiança no semelhante, próximo e popular. É mais certo e fácil um palhaço, despreparado, conquistar uma cadeira no parlamento, por exemplo, que um simples pensador.
A eleição chega como uma trovoada barulhenta, aterrorizante, tamanha a incerteza sobre o que o futuro reserva, e deixa para a lembrança de uma fina garoa. Meses após o término do pleito é comum esquecermos o nome de quem escolhemos, dos cargos que disputaram e qual bandeirola sacodiam. E suas propostas, isso é lá alguma coisa para se importar?
Escolher um candidato é, para boa parte da sociedade, como uma defesa daquilo que está dentro de cada um. Com convicções, ilusões, preconceitos, raivas e limitações. A política, de maneira geral, é movida por interesses. Nada distante da realidade nossa, eleitores comuns. O desejo de cada um é o que compõem a vontade coletiva.
Novamente recorro a Ulysses Guimarães que dizia que “não se pode fazer política com o fígado, conservando o rancor e ressentimentos na geladeira. A Pátria não é capanga de idiossincrasias pessoais. É indecoroso fazer política uterina, em benefícios de filhos, irmãos e cunhados. O bom político costuma ser mau parente.”
Se a preferência é impensada, abraçada à figuras irracionamente idolatradas, os grandes temas ficam esquecidos. No início deste texto meu desafio era sobre as idéias versos a popularidade. Ao encerrar eu deixou mais um questionamento: quais são as necessidades que Blumenau e o Vale precisam dos próximos eleitos?
Que tenhamos neste pleito as mais sábias escolhas.
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