A minha primeira contribuição como colunista regular em um órgão de imprensa de Blumenau foi em agosto de 2018. Naquele tempo era comum na cidade queixas quanto a falta de representatividade política em Brasília e Florianópolis. O discurso era que contribuíamos demais com Brasília e pouco recebíamos em troca. A choradeira era tanta que até andava por aqui um grupo separatista “O Sul é o meu país”.
Em Brasília, a cidade contava com a representatividade de um deputado federal, Décio Lima (PT) e João Paulo Kleinübing (DEM) e o Senador Dalírio Beber (PSDB), que havia herdado o mandato do falecido senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB). Na Assembleia Legislativa tínhamos Jean Kuhlmann (então PSD), Ismael dos Santos (PSD) e a Ana Paula Lima (PT). A petista mesmo sendo de oposição ocupava a secretaria da mesa diretora da Assembleia.
Então veio o pleito de 2018! Três ex-prefeitos da cidade concorreram nas chapas majoritárias para o Estado. João Paulo Kleinübing (DEM) foi candidato a vice-governador na chapa com Gelson Merísio, (então PSD). Napoleão Bernardes, na época um tucano de alta penugem, candidato a vice-governador de Mauro Mariani (PMDB). O Partido dos Trabalhadores lançou Décio Lima como candidato ao Governo Estadual.
No ano anterior, 2017 as entidades de classes da cidade escolheram a duplicação da BR 470 como pauta eleitoral. A campanha “BR-470 – Sem duplicação não tem reeleição”, embarcou no discurso da renovação política. Encabeçada pelo Comitê da Duplicação da BR-470, lideranças empresariais e entidades de classe do Vale do Itajaí espalharam 16 painéis entre Navegantes e Indaial.
Abertas as urnas, iniciou-se um apagão de representação. O desconhecido Comandante Moisés (PSL) foi o candidato a governador mais votado. Já no âmbito federal, apesar de Blumenau dar uma vitória acachapante ao mito, ficamos sem representação no congresso nacional. Também não fomos lembrados na composição do ministério do salvífico governo implantado por ele.
Na semana passada, o superintendente catarinense do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT ), deu um bolo em pelo menos 100 lideranças políticas e empresariais do Vale do Itajaí. A reunião foi organizada por uma das entidades promotoras da campanha de 2017. Serviria para que o representante do governo do capitão reformado explicasse como serão gastos os R$ 200 milhões doados pelo governo de Santa Catarina para a construção da rodovia já que a obra anda em passo de tartaruga. O dinheiro transformou-se em um cavalo de batalha entre os correligionários do mito da região, que agora, não só querem ceder dinheiro para Brasília, como querem posar de pai da criança. Uma confusão típica de tempos bolsonarísticos.
O recurso destinado pelo governo estadual para obra é três vezes maior do que o valor previsto pelo governo de Jair Bolsonaro que vetou R$120 milhões já previsto em orçamento. Na semana que passou, as entidades fizeram uma nota de repúdio a situação. Bolsonaro nem deve ter dormido! Imagino que no próximo ano, essas lideranças devem reeditar na região a campanha “BR 470, sem duplicação não tem reeleição” só que agora com uma arminha na mão.
Voto inconsequente, deu nisso, todos sabiam do fascista estar deputado por 27 anos, é nada produzir. Até desafiei na época, que se manifestassem, se contratariam Bolsonaro para uma diretoria de suas empresas. A história é senhora da verdade.
Excelente artigo!
Porém, quanto aos outdoor’s é pedir demais para a tradicional incoerência desses senhores comandantes dessas entidades que agregam a “elite do atraso” e do senhorio escravagista moderno!