Na primeira coluna deste ano apontei que com o fim do auxílio emergencial e do programa de proteção ao emprego deveríamos ter o aprofundamento da crise econômica e por consequência a queda na popularidade do presidente. Com o governo à deriva e sem resposta efetiva para a vida real, assistiríamos em 2021 a ampliação de cenas e medidas ineficazes com o único objetivo de entreter seus eleitores e apoiadores. A coluna, que era pra ser um preâmbulo para o ano vigente, provocou rancores e ranger de dentes entre apoiadores do bolsonarismo.
Ainda vivíamos a Quarta-Feira de Cinzas do ano que não teve carnaval quando fomos agraciados por um desfile de crimes e agressões à constituição federal e ao próprio regime democrático. O discurso produzido e distribuído nas redes sociais por um deputado Bolsonarista lembrava a linguagem e o conteúdo empregados pelo então deputado Jair Bolsonaro ao longo dos vinte e oito anos de uma improdutiva carreira legislativa. O agora presidente vestiu o figurino de Pilatos, lavou as mãos, deixou seu rebento político ser preso e ter a cassação de mandato encaminhada pelo Supremo Tribunal Federal e pela própria Câmara dos Deputados.
A mais grave aventura proposta pelo atual governo, porém, esconde-se em uma proposta de emenda à constituição que tramita no congresso. A medida propõe acabar com a vinculação de recursos para a saúde e educação. A manobra é apresentada como a solução encontrada pelo ministro da economia para produzir recursos de financiando para o novo auxílio emergencial. Pela proposta, os governos federal, estaduais e municipais ficariam desobrigados de investir o mínimo constitucional nessas áreas. Isso em meio a uma pandemia. Sim, o governo Bolsonaro que trocar o direito à saúde e à educação por três meses de auxílio emergencial. Auxílio este de R$ 200,00 mês.
A proposta é tão acintosa que faz rememorar a resposta de Tancredo Neves a Auro Moura Andrade na madrugada de 2 de Abril de 1964. Depois que o presidente do senado declarar vaga a presidência da república ouvia-se o protesto do líder do governo: “Canalha, Canalha, Canalha”.
O adjetivo é definido pelo dicionário Oxford como alguém indecoroso, infame e mesquinho. Desde que usado por Tancredo Neves é traduzido na esfera política como alguém golpista e que faz política na surdina. Nessas ironias provocadas pela história, o mesmo adjetivo foi usado pelos Senadores Lindenberg Farias (PT) e Roberto Requião (MDB) ao neto de Tancredo Neves, quando este arquitetava e executava o Golpe de 2016, contra a Presidenta Dilma Rousseff (PT).
Segundo a última pesquisa CNT/MDA, a avaliação negativa do governo Jair Bolsonaro (sem partido) subiu mais de 8 pontos percentuais em quatro meses e atingiu 35,5%. No mesmo período, a positiva caiu quase nove pontos chegando a 32,9%. Este cenário, conjugado com a prisão e possível cassação de um deputado de sua base, faz ligar o sinal de alerta do Bolsonarismo. Encurralado, entre o risco de perder em 2022, o apetite guloso do centrão por verbas e cargos, e a desnecessária guerra com o Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro mostra sua real natureza. Agora o golpe usa os mais pobres, e é contra a saúde pública e contra a educação. Canalha! Canalha! Canalha!
Peço permissão para estender para CANALHAS, CANALHAS, CANALHAS!
Àqueles que ainda tem a desfaçatez de defender o inominável.
Canalha mesmo! Transita entre a perversidade e a incompetência. Sobrevive de golpes e mentiras. Por isso ainda vale o trocadilho: voto não tem preço, mas tem consequência.
Exatamente Kátia. Espero que a ficha dos 54 milhões de iludidos que votaram nesse desastre que está na presidência tenha caído e que não repitam em 2022 esse erro gravíssimo novamente. Ninguém merece e o país não aguenta mais isso que aí está.
Lúcido e ácido!! Rosnem e rezem, pois é o que resta a vcs que apoiam esse que cometeu o estelionato eleitoral.
Bom era o Lula , a Dilma , o Dirceu , o Lindenberg e o resto da quadrilha….Vamos rezar sim, para que ele consiga fazer deste país um país de gente decente e mande para Venezuela todos aqueles que sempre apoiaram Lula , Dilma e seus pares Venezuelanos da política . Gente que só sabe criticar , que só enxerga o copo meio vazio .
Não somos canalhas por defender a dignidade e o caráter , canalha são aqueles que se escondem por trás de uma bandeira vermelha , que criticam os empresários , que falam em divisão de renda , mas não produzem nada neste país a não ser o ódio por aqueles que querem o bem do país .Vão trabalhar , vão produzir algo , distribuam suas riquezas com os sem terra que vocês tanto defendem , mas isto com certeza não fazem …..hipócritas .
A maioria que protesta contra esse governo não é petista, não gosta de vermelho, mas sim a favor da desconcentração de riquezas. Pois somente um núcleo parasitário que afunda esse país em direção ao caos leva vantagens a séculos nesse nosso Brasil. Fora ditadores, fora autoritarismo para sempre. E parem de usar as cores da nossa bandeira para benefício próprio, canalhas sim, canalhas, canalhas.