O desenho político na Câmara de Blumenau, com dois anos e meio de Legislatura, está bem desenhado. São 11 vereadores da base governista, um que depende da pauta e quatro que votam contra a maioria dos projetos do Executivo e intensificam as críticas na Tribuna.
Um exemplo aconteceu na sessão desta quinta-feira, 13, com a votação da autorização para a viagem à Alemanha ao prefeito Mário Hildebrandt (Podemos), ele que vai companhado do secretário da Cultura, Sylvio Zimmermann, e pelo diretor de Imprensa da Secretaria de Comunicação, para percorrer cinco cidades com agendas diversas, em 11 dias. Foram oito votos a favor, quatro contra, uma abstenção, uma ausência e mais o presidente Almir Vieira (PP) que só vota em caso de empate, mas é da base.
Os vereadores que votaram contra foram os dois do Novo, Diego Nasato e Emmanuel dos Santos, Tuca, Professor Gilson (Patriota) e Carlos Wagner, o Alemão (União). Questionei os quatro sobrea razão do voto contrário.
“Muita despesa, manda só as princesas com o secretário, temos muitos muros para levantar nas escolas. Que são as prioridades? Na real, não precisamos divulgar lá fora e sim aqui no estado e hoje com a tecnologia da mídia eletrônica sai muito barato divulgar lá fora”, disse Carlos Wagner.
“Acredito que seja um custo desnecessário aos cofres públicos. Estamos com muitas outras prioridades como, por exemplo, diversas escolas e CEIs que estão precisando de investimentos em segurança, sem contar a saúde e diversas outras pautas que precisam de atenção e investimentos”, afirmou o vereador Gilson.
“Por todas regiões as quais tenho visitado, as demandas da população são outras. Mesmo no âmbito turístico ou cultural a viagem dessa comitiva poderia ser substituída por ações práticas de entrega à comunidade, como feiras, eventos e espetáculos. Por fim, não consigo verificar de maneira quantitativa o retorno esperado a partir dessa ida à Europa. Blumenau tem cerca de 900 ruas sem drenagem e pavimentação, milhares de pessoas na fila por cirurgias eletivas e mais de mil crianças aguardando uma vaga em creche. Sem a universalização desses serviços ainda estamos longe de ter uma cidade inclusiva de verdade. Nenhum Blumenauense deveria ficar para trás”,a rgumentou Diego Nasato.
“O primeiro é que boa parte do itinerário da viagem, isso baseado nas informações cedidas pelo próprio Poder Executivo, será para realização de reuniões para o fomento de parceriais e convênios. Com o advento da internet e com a tecnologia disponível, o deslocamento (que onera os cofres públicos) poderia ser substituído por uma simples vídeo chamada.
O segundo motivo é em relação aos gastos excessivos. Em uma cidade onde temos milhares de pessoas esperando em filas de creche, em fila para consultas médicas, cirurgias, e outras tantas necessidades, não é razoável que o dinheiro público seja aplicado sem o minímo de cuidado e racionalidade. Não estou afirmando que o turismo e a cultura não são relevantes, o fato é que temos necessidades básicas na cidade que são mais urgentes. Cada real aplicado em viagens internacionais é menos um real para essas áreas essenciais.
Por fim, o projeto não veio acompanhado do parecer jurídico bem como o de impacto financeiro, que são necessários para a devida análise”, se posicionou Emmanuel dos Santos.
O vereador que se abteve foi Adriano Pereira, do PT, que tem tido uma postua crítica ao governo municipal, mas subido no muro em alguns temas, preferindo a abstenção a votar a favor ou contra.
Não é usual fazer de uma viagem do chefe do Executivo um embate no Legislativo. Mas mostra que, apesar de minoria, a oposição faz questão de se posicionar.
A viagem do prefeito tem a Oktoberfest na pauta, mas prevê outras questões, formar convênios de intercâmbio cultural e científico e estreitar laços, entenda aqui a agenda.
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