Palestra indica cenário econômico para 2016

Foto: Alexandre Gonçalves/Informe Blumenau

Jornalista e números não combinam, a não ser que o profissional busque se especializar em economia, o que não é meu caso. Digo isso para justificar que não falarei dos dados “numéricos” apresentados pelo economista Nazareno Schmoeller, professor da FURB, nesta segunda-feira (23) chuvosa . A credibilidade dele e o tema – cenário econômico – me fizeram sair de casa e  acompanhar atentamente a exposição que ele fez durante palestra promovida para cerca de 100 pessoas pela Blucredi em parceria com  a Fundação Fritz Muller.

Foto: Alexandre Gonçalves/Informe Blumenau
Foto: Alexandre Gonçalves/Informe Blumenau

Assim como qualquer cidadão, queria ouvir de quem entende quais as perspectivas, os caminhos e os problemas que teremos no bolso em 2016.  “A economia vai ficar menos ruim”, ” não há expectativa de descontrole inflacionário”, foram as estimativas boas para dizer que será melhor, mas não muito. Acredita em inflação de 6 ou 7% contra os dois dígitos previstos para 2015.

O especialista em economia entende que a crise  política é mais grave do que econômica, o que não retira a intensidade do problema. Reclama da burocracia, ineficácia e corrupção, mas deixa claro que o ajuste fiscal  proposto pelo Governo deva ser definido ainda este ano, sob pena de não surtir os efeitos esperados nos prazos necessários. Não é uma defesa da proposta do Governo, mas, sem passar a mão na cabeça, Nazareno vai além : “Moralização do Governo”, “Ajustes não podem parar’, “reduzir desperdícios”, “repassar confiança”, “reverter expectativas ruins” e “melhorar a cadeia produtiva regional” foram as expressões usadas na palestra. Aposta no tamanho do país, coisas que sempre esquecemos : ” ainda somos a 7ª economia do mundo, a primeira do Mercosul”.

O professor mestre em Desenvolvimento Econômico mostrou um monte de indicador que confunde a cabeça da gente, mas você entende se as coisas vão bem ou mal. O resumo é que 2015 é um ano ruim de uma série de pelo menos 14 anos de índices positivos na economia brasileira. De uma crise apenas nacional e sim mundial. Nazareno trouxe dados dos EUA e da Europa que mostram uma realidade desconhecida para nós, que tende a piorar com o drama social dos refugiados. Para se ter uma ideia, na Espanha em 2014, 21,6% das pessoas aptas a trabalhar estavam sem emprego. Outro dado chama mais a atenção: 14% da população da União Europeia vive situação de pobreza.

De todos os números e indicadores, os que mais chamam a atenção são os que apontam as desigualdades. No Brasil, de hoje e sempre, cerca de 10% concentram 70% da riqueza. Enquanto uns tem muitos, outros não tem. Assim é no planeta, ao longo da história.

Enfim, do ponto de vista do cenário econômico apresentado pelo professor Nazareno, entendi que 2016 vai ser um ano para ver passar , observando, quietinho e  esperar 2017.

 

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