Por Camila B. Voltolini
Pedagoga
Uma das brincadeiras preferidas das minhas filhas era pegar peixes no rio. Passávamos muito tempo brincando juntas num dos ribeirões de Blumenau. Os peixes que conseguíamos pegar eram cascudos, mais calmos que os outros que vivem por lá. Eles iam do rio para o balde e do balde para o rio.
Inicialmente, eram apanhados com as mãos. A meu ver, as meninas possuíam um bom reflexo e uma excelente motricidade fina porque não é fácil ter êxito desta maneira. Sobretudo em água corrente. Lembro-me bem delas com os dedinhos entre as pedras “mirando” os peixes. Com o tempo elas descobriram a peneira de cozinha e a brincadeira se tornou mais fácil e ainda mais divertida. Rapidamente, juntávamos vários peixinhos.
Na medida em que elas foram crescendo, essa brincadeira foi se perdendo. Um pouco pela mudança própria de faixa etária, outro pouco pelas mudanças que a vida nos oferece. Mais tarde, também porque a tecnologia chegou às mãos delas. Aliás, até o hábito dos jogos de tabuleiro sofreu mudança com os anos. Mas nada que o próprio tempo não traga de volta em alguns momentos agradáveis.
Para minha surpresa, fui convidada pela caçula a relembrar esta brincadeira por mais de uma vez nestes últimos dias. Que agradável! É muito bom poder reviver esta fase tão gostosa com as filhas: o barulho de água corrente, os peixes, as pedras, as peneiras, o balde e o silêncio do mundo a nosso favor. Sem tecnologia! Nós e a natureza.
Às vezes, por conta da correria do dia-a-dia, esquecemos o quão importante é termos um momento a sós com os filhos. Outras vezes, nos falta conhecimento desta importância. Lembro-me de que fui orientada por uma psicopedagoga, a quem sou muito grata, a ter esses momentos com cada uma de minhas filhas. Um momento sem tecnologia, sem pressa e sem terceiros para que consigamos perceber uma a outra, mãe e filha, sem interferências.
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