Um estudo aponta tendência de queda proporcional de mortalidade em idosos com mais de 70 anos com o avançar da vacinação contra a Covid-19 no Brasil. Segundo pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Sul do Rio Grande do Sul, e da Universidade Harvard, dos Estados Unidos, a imunização evitou a morte de 43.082 pessoas pela doença em 2021 no país.
Os resultados mostram que a proporção de idosos entre o total de óbitos por coronavírus caiu de quase 28%, em janeiro, para 12% (entre quem tem mais de 80 anos) e 16% (entre quem tem de 70 a 79 anos) em maio. As mortes por outras causas permaneceram estáveis no período.
Para o coordenador do estudo, o epidemiologista Cesar Victora, da UFPel, o Brasil já teria ultrapassado o número de 500 mil mortes de Covid-19 sem a vacinação.
“Nós estamos chegando a 480 mil mortes. Se não fosse a vacina, seriam 530 ou 540 mil”, disse.
Também assinam o estudo os pesquisadores Marcia Castro e Susie Gurzenda, de Harvard, Arnaldo Correia de Medeiros e Giovanny França, do Ministério da Saúde, e Aluisio Barros, da UFPel.
Eficácia
Para os pesquisadores, os resultados fornecem evidências da efetividade das vacinas CoronaVac e AstraZeneca/Oxford, as primeiras a serem administradas contra a Covid no país. Os imunizantes também são eficazes contra a circulação da cepa P.1, conhecida como variante brasileira do vírus, afirmam.
De acordo com o trabalho, 99% da população com mais de 80 anos já recebeu, ao menos, a primeira dose da vacina. Entre os maiores de 70, o índice é de 94%.
Um estudo semelhante feito entre fevereiro e abril apontou que 13,8 mil mortes entre maiores de 80 anos foram evitadas com a vacinação.
Ainda assim, Victora comenta que, mesmo com a vacinação, algumas mortes podem ocorrer. “Nenhuma vacina é 100% efetiva. O que interessa é se, em uma grande população como a brasileira, ela consegue reduzir a mortalidade. E ela conseguiu”, avalia.
Demais grupos
O epidemiologista afirma que deve ocorrer uma redução no número de óbitos entre menores de 60 anos, conforme a vacinação avance.
“Eu não tenho nenhuma dúvida de que vai acontecer [a redução de mortes]. Daqui a um ou dois meses, nós vamos atualizar o estudo e vamos ver que não foram 43 mil vidas salvas, mas que foram 80 mil ou 100 mil”, projeta.
Cesar Victora ressalta que o dado atual é uma subestimativa, pois não considerou profissionais de saúde, indígenas, pessoas de 60 a 69 anos e demais vacinados.
Atualmente, o Brasil tem 28,51% da população com a primeira dose aplicada, de acordo com dados do consórcio de veículos de imprensa atualizados na noite de quinta-feira, 17.
No Rio Grande do Sul, a Secretaria Estadual da Saúde contabiliza 35,8% da população vacinada com a primeira dose.
Entre os idosos com mais de 70 anos, público analisado na pesquisa, o RS vacinou 818,2 mil com a primeira dose e 741,8 mil com a segunda dose. Os números foram atualizados na noite de quinta.
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