Pesquisa busca mapear comunidade de artistas cômicos em Santa Catarina

Arte: divulgação

Com o objetivo de conhecer e trazer experimentos poéticos e cênicos para artistas que atuam no cenário cômico catarinense, o projeto Preto Humor – Pesquisa de comicidade negra catarinense é coordenado pela artista, pesquisadora e doutora em teatro Adriana Patrícia dos Santos, Drica Santos e tem a participação das atrizes-pesquisadoras Natele Peter e Ruth Rodrigues. O projeto é pleiteado pelo prêmio Elisabete Anderle 2020 Artes Populares- Culturas Negras e Afro Brasileiras.

Além de trazer inúmeras ações que envolvem humoristas, palhaços e artistas que atuam dentro da comicidade, a pesquisa pretende mapear e traçar um perfil dos artistas que atuam dentro do humor, sendo eles palhaços, humoristas, comediantes dentre outros que desenvolvem sua arte através do riso.

A pesquisa Preto Humor tem como base norteadora Tese de Drica Santos Intitulada “Dos guetos que hábito: Negritudes em procedimentos Poéticos Cênicos”, baseada em suas pesquisas acadêmicas sobre as implicações em ser uma atriz negra.

“Eu sempre levava isso como questão, então quando tive a oportunidade de pesquisa eu fui falar sobre isso, sobre teatro negro, atores e atrizes negras. Logo após já emendei na tese, e nela aprofundei pra falar do meu trabalho como atriz, como faço essa trajetória de reconhecimento, de aprofundamento sobre a compreensão e as implicações do meu corpo negro, como atriz na arte no teatro”, explica Drica.

O projeto de pesquisa nasceu então desta necessidade, de traçar um perfil destes artistas e promover um espaço de diálogo.

“Importante nos reconhecer, saber por onde andamos e quem são os andantes. Apreciar os trabalhos de outros artistas negros nos ajuda a entender onde estamos e para onde também podemos ir, assim criando diálogo e fortalecimento entre a classe artística negra”, destacam as pesquisadoras.

A pesquisa propõe ainda um intercâmbio das atrizes Natele Peter e Ruth Rodrigues, que atuam no cenário cômico de Blumenau com a coordenadora, sediada em Florianópolis. Conta também com encontros on-lines semanais e partilhas virtuais através de relatos online de suas vivências em um blog criado exclusivamente para o projeto além de um perfil no Instagram @pesquisapretohumor.

Também através do Instagram as pessoas poderão conhecer um pouco mais sobre as atrizes-pesquisadoras e o mapeamento dos artistas que trabalham com humor em todo estado catarinense. 

As atrizes-pesquisadoras contam que o processo inicial da pesquisa começa nelas mesmas, em suas próprias histórias.

“A pesquisa parte de nossas experiências e vivências com nossos corpos negros de artistas residentes na cidade de Blumenau. No momento, estamos na investigação da nossa própria história. Estamos procurando dentro, o que reverbera em nossos corpos, o que nos construiu e o que nos constrói assim nos re-conhecendo e nos re-conectando com tudo que já foi e ainda é”.

A questão racial tem sua devida importância no projeto. “Diante disso nossa construção artística esbarra no silenciamento de mestras e mestres negros e sempre referenciando referências eurocêntricas e de corpos brancos. Com isso, para nós mulheres negras se torna muito difícil de se identificar dentro desses espaços de referências cênicas e cômicas”, salientou Ruth e Natele.

Elas completam reforçando a importância de ouvir estes artistas, lançando luz sobre o que é tantas vezes silenciado.

“Neste sentido é fundamental a oportunidade que este projeto nos apresenta: o de fortalecimento da diversidade de nossas identidades e a apresentação e/ou provocação do olhar, trazendo à tona o protagonismo de artistas negros”.

Comunidade poderá colaborar com o mapeamento

O mapeamento de artistas catarinenses que atuam no cenário cômico e humorístico será realizado através da plataforma Google Forms [https://bit.ly/3v15TR4],  onde as pessoas poderão ajudar as pesquisadoras a identificar e traçar os perfis destes artistas.

Compartilhamento de ideias 

O projeto traz ainda a proposta de um compartilhamento online em uma roda de conversa, discutindo e apresentando o resultado da pesquisa que será oferecida em uma oficina gratuita chamada “Hackers do Racismo – O Riso como Libertação”. 

O projeto selecionado pelo Prêmio Elisabete Anderle de Apoio à Cultura Edição 2020, executado com recursos do Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Cultura.

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