Foi a primeira vez que o deputado estadual Julio Garcia (PSL), presidente da Assembleia Legislativa, falou nesta terça-feira, 04, sobre a operação Alcatraz, que envolveu seu nome num esquema de fraudes em contratos e licitações na Secretaria de Administração. A operação foi deflagrada pela Polícia Federal e Receita Federal na semana passada.
E foram por duas vezes. A primeira, no Parlamento, e a segunda para jornalistas. Neste encontro, confirmou sua proximidade com Nelson Castello Branco Nappi Júnior, principal acusado do esquema, que está preso. Nélson ocupava o cargo de diretor de Tecnologia da Assembleia e foi durante oito anos secretário adjunto de Administração até Carlos Moisés (PSL) assumir o Governo. Disse que era padrinho de casamento dele.
Outras relações pessoais o aproximam da Operação. A irmã de Julio Garcia e um amigo, dono de uma empresa de tecnologia acusada, estão entre os denunciados.
“Tenho que receber com serenidade”, disse, afirmando desconhecer qualquer situação de irregularidade e garantir que tudo será esclarecido pelo Poder Judiciário, no primeiro grande escândalo deste novo mandato, logo envolvendo o presidente da Alesc, ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, período que teriam sido cometidos os crimes no Governo.
Na Tribuna, para os colegas, citou: “não tenho dúvida que é o dia mais triste de toda a minha trajetória no Parlamento.”
Recebeu a solidariedade de muitos deputados. Ivan Naatz (PV) disse que, na condição de advogado há 30 anos, já viu muitas injustiças acontecerem. “É um momento triste esse do pré-julgamento. Vivemos no país uma política de apontar o dedo e depois, quando é absolvido, se esquece, arquiva e não se fala nada”, disse o deputado, que afirmou ter plena confiança na inocência do presidente da Alesc.
Confira abaixo, um resumo dos esclarecimentos feito na tribuna sobre pontos centrais a seu respeito que constam na investigação.
O primeiro diz respeito a um terreno adquirido por ele em 1994, em Florianópolis. O deputado afirmou que houve problemas na regularização do imóvel, cujo processo se arrastou por 20 anos.
“Por isso, houve o link entre a legalização do terreno e a sua compra. Tal imóvel não tem nada a ver com a operação, que investiga desvio de recursos públicos para benefícios de privados”, disse o deputado.
O segundo ponto diz respeito ao seu relacionamento com o proprietário de uma das empresas envolvidas que presta serviços ao Poder Executivo estadual e foi alvo da operação. “Desconheço qualquer atividade comercial dessa empresa, incluindo seus contratos. Alegam que sou amigo do proprietário. Mas do que isso: tive convivência familiar por 15 anos e mantenho até hoje amizade com ele.”
A respeito do ex-diretor de Tecnologia da Assembleia, Nelson Nappi Junior, o presidente da Alesc afirmou que tem amizade de muitos anos com ele, sendo inclusive padrinho de casamento. “Desconheço ilicitudes dele. Não fosse assim, não o teria nomeado para o cargo na Assembleia. Não vou renegar meus amigos”. O diretor foi exonerado por Julio Garcia no dia da operação.
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