Por Camila B. Voltolini – Pedagoga
Eu e meus irmãos recebemos uma educação rígida e com limites. Talvez, não tão rígida quanto a de alguns colegas, mas foi rígida. Desde cedo, aprendemos que toda ação causa uma reação e que toda reação causa um sentimento. Às vezes, a reação doía no bumbum. Às vezes, a reação doía no desejo porque eu não ganhava o que queria. Logo, aprendi a terceira lei de Newton na prática, ao vivo e a cores. Logo, nunca a esqueci e cedo eu percebi o quão importante foi aprender esta lei.
Também, desde cedo, as minhas filhas aprendem que existe a lei da ação e da reação. Não de uma forma tão rígida como na minha infância porque é preciso se adequar ao período em que se vive, porém, para tudo há uma consequência. Isso é incontestável.
Desde cedo meus pais ensinaram bons modos, respeito, empatia e solidariedade. Aliás, as palavras empatia e solidariedade não estavam na moda naquela época, mas muitos dos ensinamentos de meus pais remetiam a esses conceitos. Logo, quando adolescente eu já compreendia como era uma criança bem educada e outra nem tanto. Após ser mãe, também compreendi que nem toda criança assimila os ensinamentos dos pais e aqui eu mesma confesso que não consegui assimilar todos os ensinamentos dados pelos meus pais enquanto morava com eles e é uma pena porque é tão mais fácil aprender com amor. Ainda bem que possuímos a capacidade de nos construir e reconstruir a todo instante.
Seguramente, tentei transmitir estes valores para minhas filhas que, até o momento, não sei se os assimilaram, mas elas ainda têm tempo de aprender na base do amor. Aprender com a vida nem sempre é caloroso ou agradável. Por isso, sinto gratidão aos meus pais pelo excelente trabalho na educação de seus filhos, pois com eles compreendemos os limites impostos pela própria sociedade. Limites estes que se traduzem em regras simples para a boa convivência que devem ser respeitadas e estas devem ser aprendidas em casa e reforçadas na escola.
Não é raro depararmo-nos com cenas que chamam a atenção em supermercados, em restaurantes, em escolas ou, simplesmente, na rua. Cenas que produzem questionamentos e que nos remetem à falta de limites. Ao falar em falta de limites, é preciso separar os protagonistas dessas cenas em dois grupos: o grupo de crianças que têm transtornos ou dificuldades emocionais comprovadamente e o grupo de crianças que sofre de falta de limites. Mas, independente do grupo, boa educação é necessária a todos para uma boa convivência.
Ao perceber situações provocadas por transtornos ou dificuldades emocionais, confesso ter um olhar diferenciado porque entendo que é involuntário e que a criança, dada a sua condição, não tem o controle ou o discernimento para evitar algumas situações que a maturidade ou algum auxílio extra venha a oferecer. Porém, ao perceber que a situação é provocada por falta de educação, enxergo com olhos diferentes.
A falta de educação pode ser chamada de falta de valores ou de valores distorcidos ou de falta de limites. Particularmente, não gosto dos termos falta de valores ou valores distorcidos porque toda pessoa é constituída de valores. Talvez, os valores de uma mãe não combinem com os meus. Contudo ambas possuímos valores. Então, deixo estas expressões de lado e uso falta de limites. Claro, a criança continua sendo um ser em desenvolvimento. Mas, por exemplo, nunca aceitei que as minhas filhas mentissem ou batessem em alguém ou fizessem “birras” para conseguir algo. Talvez eu não tenha sabido reagir da melhor maneira em ocasiões nas quais elas tentaram alargar os limites dados, mas falta de educação nunca foi aceita.
Então, fico pasma ao ver pais defendendo, a qualquer custo, o filho que bate para justificar um acontecido ou até a falta do mesmo. Surpreende-me ver pais aceitarem passivamente “birras” diárias e mentiras. Às vezes, até acham graça! E sim, algumas crianças mentem desde cedo. Onde e com quem aprenderam, não sei!
Espanto-me, sim! Mas, ainda mais, me preocupo ao pensar em como serão essas crianças no futuro. Afinal, as crianças de hoje são o futuro do nosso país e se elas crescem tendo a permissão de seus responsáveis para birras, mentiras e tapas, que adultos serão?
Parabéns Camila B. Voltolini. Escreveu tudo o que é necessidade para que esse nosso Querido Brasil volte a ser, com verdades, lisura e bem estar. Parabéns… Parabéns… Ditma
Serão adultos sem limites e sem valores ,já nos deparamos com a depressão infantil , crianças que não sabem o valor de uma conquista , é bom ganhar ,mas e melhor ainda ganhar por meritm e ser vencedor