Esse modelo evita que uma pessoa que ganhe abaixo de R$ 5.000 receba um aumento salarial e passe a pagar o IR de forma muito abrupta, ainda que a nova remuneração fique pouco acima desse valor (R$ 5.010, por exemplo).
Veja mais exemplos de como vai funcionar a cobrança:
renda mensal |
Imposto sem o desconto |
Desconto |
Imposto final a pagar |
R$ 5.000 |
R$ 312,89 |
100% |
R$ 0,00 |
R$ 5.500 |
R$ 436,79 |
75% |
R$ 202,13 |
R$ 6.000 |
R$ 574,29 |
50% |
R$ 417,85 |
R$ 6.500 |
R$ 711,79 |
25% |
R$ 633,57 |
R$ 7.000 |
R$ 849,29 |
0% |
R$ 849,29 |
salário mensal |
imposto mensal hoje |
imposto mensal em 2026 |
diferença no ano |
R$ 3.650,66 |
R$ 81,44 |
zero |
R$ 1.058,71 |
R$ 4.867,77 |
R$ 305,40 |
zero |
R$ 3.970,18 |
R$ 5.450,00 |
R$ 447,43 |
R$ 180,56 |
R$ 3.202,50 |
R$ 6.260 |
R$ 670,18 |
R$ 530,03 |
R$ 1.822,01 |
Quem ganha a partir de R$ 7.000 não será beneficiado pelo desconto. Para esses contribuintes, segue a aplicação da tabela do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física). Mas esse grupo de contribuintes passará a pagar um pouco menos, pois a tabela atualmente em vigor será ajustada ainda em 2025.
O ajuste decorre do fato de que a primeira faixa da tabela do IRPF está vinculada atualmente ao valor do salário mínimo, que passou em 2025 de R$ 1.412 para R$ 1.518.
Assim, a faixa de isenção da tabela do IRPF, que corresponde a 80% de dois salários mínimos, será ampliada de R$ 2.259,20 para R$ 2.428,80 mensais. Ou seja, uma parte maior da renda ficará livre da tributação.
Na prática, quem ganha até dois salários (R$ 3.036 mensais) já ficaria isento de imposto com esse ajuste, uma vez que a tabela do IRPF se aplica não sobre a renda bruta, mas sobre a renda líquida, após deduções legais previstas no IRPF.
O ato formal de assinatura do projeto pelo presidente ocorreu nesta terça-feira (18) em cerimônia no Palácio do Planalto, após quase quatro meses do anúncio oficial.
Para entrar em vigor em 2026, a proposta precisa ser aprovada ainda este ano pelo Congresso Nacional.
O mecanismo do desconto mitiga a perda de arrecadação que ocorreria se a isenção fosse feita por meio da correção de toda a tabela progressiva do IRPF, o que acabaria beneficiando não só quem ganha até R$ 5.000, mas todos as pessoas hoje sujeitas ao pagamento do imposto.
Nesse caso, o custo da isenção chegaria a R$ 120 bilhões, segundo estimativas da Receita Federal. Restringir a isenção somente para as pessoas que ganham até R$ 5.000
reduz a renúncia para R$ 25,84 bilhões em 2026, como antecipou a
Folha na semana passada. Em 2027, o valor sobe para R$ 27,7 bilhões.
A previsão inicial era uma perda de arrecadação de R$ 35 bilhões, mas os técnicos refizeram as contas com base nos dados novos coletados da declaração de ajuste do IRPF de 2024 (ano-base 2023). Os números anteriores usaram como referência valores da declaração de ajuste de 2023 (ano-base de 2023).
Pela proposta do governo, a perda de arrecadação será compensada com a criação de um imposto mínimo sobre a alta renda (quem ganha a partir de R$ 600 mil por ano).
O ajuste na faixa de isenção da tabela do IRPF de 2025 só será feito depois da aprovação do Orçamento deste ano pelo Congresso. A data será definida pelo presidente Lula. A perda de arrecadação é de R$ 5 bilhões em termos anuais, mas o impacto efetivo neste ano será menor porque a medida entrará em vigor no decorrer do exercício.
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