Servidor de Gaspar é homenageado ao se aposentar após quase 50 anos de dedicação ao PJSC

Foto: divulgação

Aos 66 anos de idade, José Alexandre Silveira encerrou um ciclo de quase cinco décadas de trabalho e dedicação ao Poder Judiciário de Santa Catarina, do qual se despediu no dia 14 de junho com a chegada da aposentadoria. O reconhecimento pelo profissionalismo como oficial de justiça na Comarca de Gaspar e, mais do que isso, por sua humanidade, veio em forma de homenagem na última quinta-feira, 24. Ele recebeu uma placa, uma camisa e uma cesta com vinhos e aperitivos. Na placa, os seguintes dizeres:

Caríssimo Alex, nós, amigos do Fórum da Comarca de Gaspar, agradecemos por sua amabilidade e companheirismo. Seu esmero e sua conduta exemplar em todos os serviços prestados, ao longo de cinco décadas, ao Poder Judiciário catarinense serão sempre lembrados. Sua gentileza e carinho farão falta. Desejamos que esta seja uma fase de muitas realizações.

Os presentes foram dados pelos colegas, que não se cansam de tecer-lhe elogios e já sentem saudades. Giancarlo dos Santos, também oficial de justiça, conta que Alex, como é carinhosamente chamado, esteve sempre pronto a ajudar e colaborar com os colegas. “Quando passei no concurso e assumi o cargo, aos 23 anos, ele foi muito prestativo e solícito comigo, me acompanhando nas diligências e me mostrando o caminho”.

A prestatividade do servidor extrapolava os horários do expediente. Mesmo quando não estava em serviço, ele sempre tinha tempo para ajudar quem precisasse. “Certa vez uma oficial de justiça atolou o carro durante o trabalho e ele, mesmo de férias, foi socorrê-la”, recorda Santos. Voz muito forte na comarca, Alex sempre se dispunha a acompanhar o cumprimento de mandados complexos, muitas vezes tomando frente nas situações mais difíceis. “Ele demonstra muita sensibilidade e empatia pelas pessoas. Tem paciência para explicar e ouvir, tentando sempre conciliar e resolver a situação da melhor forma possível.”

Segundo a chefe de secretaria Sandra Regina Gonçalves Veiga, Alex é unanimidade no quesito simpatia e gentileza. Todos os anos, no Dia Internacional da Mulher, presenteava as servidoras com bombons e abraços, e no mês de junho fazia um café para comemorar seu aniversário com todos os servidores do Fórum. Aos colegas do grupo de WhatsApp da comarca, que lhe enviaram mensagens quando souberam da aposentadoria, ele agradeceu as palavras carinhosas, se disse emocionado com os elogios e tentou traduzir os próprios sentimentos: “Estou vivendo uma situação muito estranha: alegria e tristeza ao mesmo tempo. Alegria por ter cumprido minha missão e tristeza por não fazer mais parte dessa família forense tão legal.”

A aposentadoria de Alex é muito merecida, mas para a comarca é uma perda, segundo o colega de profissão:
“Se tivesse mais Alex no Judiciário e no Brasil, nosso país estaria bem melhor”. Alex não será mais atuante no PJSC, mas não ficará parado. Vai investir em uma atividade que já é seu hobby: “Eu tenho uma oficina em casa e trabalho com marcenaria e ferro. E agora quero me especializar mais na parte de cutelaria.”

A trajetória

José Alexandre Silveira, o Alex, ingressou no Fórum aos 16 anos, em 1971. Ele começou no dia em que a mãe, Eulina Ladewig Silveira, assumiu o Cartório Cível de Gaspar. Até então ela trabalhava no Cartório Cível de Blumenau, e quando soube da criação da comarca de Gaspar prestou concurso público e passou em primeiro lugar.

Naquela época, o Fórum funcionava na prefeitura de Gaspar, onde mãe e filho começaram. Depois de servir ao Exército, Alex foi nomeado pela mãe como escrevente juramentado e depois como oficial maior. Passados alguns anos, ele teve a oportunidade de ingressar no quadro do Judiciário, como agente judiciário. Em 1985 fez concurso para oficial de justiça.

Em todos esses anos, sempre atuou na comarca de Gaspar, onde, garante, não tem desavenças nem inimizades, apesar da particularidade da função que exerceu: “Sempre adotei o sistema de conversar e explicar, nunca tive pressa. No cumprimento de um mandado, a pessoa precisa da explicação de que não há outra saída a não ser cumprir a decisão judicial, mas também de conforto.”

Se a postura como profissional nunca mudou, no dia a dia Alex presenciou grandes alterações no exercício da função: “Antigamente, o oficial recebia os mandados no livro-carga. Tinha que assinar o recebimento, cumprir o mandado e depois levar ao cartório e dar baixa no livro. Depois, com a chegada dos computadores e sistemas, veio o SAJ e mais recentemente o eproc, e nós mesmos passamos a imprimir e montar os mandados.”

Ele conta que na década de 1970 para 1980 datilografava as audiências em papel-carbono, e a comunicação com as demais comarcas era por telex e mais tarde por fax. Também acompanhou o crescimento da sede do Fórum, que nasceu na prefeitura e depois migrou para uma casa maior, também no Centro. Mais tarde foi construída uma sede própria, no bairro Sete de Setembro, que abrigava ainda o Ministério Público. Logo foi necessário mais espaço, e salas foram locadas em um prédio ao lado. De lá, da sala em que trabalhava, Alex acompanhou a construção da estrutura atual, inaugurada em 2017, e onde atuou até a metade do mês.

Fonte: PJSC

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